Como em várias atividades, o terceiro setor sofreu o impacto da pandemia quando apoiadores tiveram as finanças abaladas e as atividades próprias foram comprometidas. No entanto, algumas entidades resistem e ampliam o atendimento às comunidades mais vulneráveis num momento-chave para esse público. Foi o que fez o Instituto Beatriz e Lauro Fiúza (IBLF) no Passaré II, em Fortaleza. Em atividade desde 2012, o IBLF inaugurou a segunda sede no bairro ontem, 9, ampliando o atendimento a 80 crianças.
"Hoje, o nosso principal desafio no IBLF é a manutenção financeira para garantir a manutenção das nossas atividades diárias. As famílias estão em um período de luta pra retomar a capacidade mínima de subsistência delas. Então, a gente vê que muitos estão envolvidos, tentando retomar o seu dia a dia, retomar os seus empregos e nós fazemos nossa parte", conta Fabricia Abrantes, diretora executiva do instituto, sobre o atendimento a 424 famílias.
Atualmente, a conta anual para manter as aulas de música e de caratê - principais atividades da organização não-governamental (ONG) - soma R$ 3,5 milhões, segundo ela. Desse total, 80% vêm de lei de incentivo, 10% da família Fiúza e 10% de doadores voluntários. Mas a instituição teve a sorte de apoiadores do ramo de farmácias e supermercados terem as finanças preservadas ao longo da pandemia e continuarem colaborando e até aumentarem a colaboração. Para a nova sede, inclusive, computadores e tablets novos foram doados para o desenvolvimento das aulas. O espaço conta com seis salas nas quais serão ministradas as aulas de música. A outra sede deve concentrar, agora, as aulas de caratê e o atendimento social - cuja importância foi ressaltada na pandemia.
Por mais de 1 ano e meio, esse apoio garantiu as aulas remotas e mais serviços prestados, exatamente quando foi mais preciso. "O IBLF fortaleceu de certa forma a sua participação dentro da comunidade em ações que a gente normalmente não realizava, como distribuição de cesta básica, kits higiênicos, máscaras, álcool em gel, leite, frangos... A gente tentou ao máximo fazer com que as famílias atendidas pelo instituto tivessem o mínimo de condição com relação à alimentação e à higiene e colaborando com a mediação para os encaminhamentos necessários, como CREAs, CRAs... para se ter ideia, até a parte de psicólogo a gente influenciou muito e foi muito forte aqui no instituto", relembra Fabricia.
Agora, as atividades partem para o presencial. Mas, dadas as condições e preferências de algumas famílias, o formato híbrido será adotado. O remoto fez parte das ações do IBLF desde o início do decreto de isolamento social. quando estudantes receberam, inclusive, os instrumentos para a prática em casa.