Em termos locais, os exportadores cearenses seguem se apoiando em uma espécie de "diplomacia comercial" empreendida com apoio de entidades empresariais, organizações da sociedade civil e do poder público estadual para atravessar, sem grandes sustos, o período de instabilidade em Brasília.
Ontem, O POVO noticiou as tratativas para implantação de uma Câmara de Comércio Brasil-Argentina no Ceará. O Estado já possui câmaras similares com outros dez países (Portugal, Angola, China, Cabo Verde, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Espanha, França e Holanda), além de um escritório comercial com Israel.
Segundo a economista Eufrasina Campelo, "a pauta exportadora do Ceará apresentou alta em praticamente todos os indicadores, no primeiro semestre. Ela é composta por produtos ligados à agropecuária, tais como tecidos, couro e crustáceos. O camarão, por exemplo, é uma commodity, e isso significa dizer que tem seu preço oscilando de acordo com o dólar. As pás para geradores eólicos merecem um pouco mais de destaque, pois apresentam conteúdo tecnológico agregado e o Ceará está se tornando um fornecedor para um dos setores que mais se desenvolvem no mundo".
Nesse sentido, o ex-presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior da Adece, Roberto Marinho, enfatiza que o Estado tem se constituído em um hub de energias renováveis. "Além disso, o Ceará já pode ser considerado um hub marítimo e aéreo", acrescenta. Ele pontua, contudo, que mercados como o africano e o norte-americano poderiam ser mais bem explorados com a redução das tensões no Brasil.
"Eram mercados que estavam se abrindo e essa abertura ficou mais lenta porque todo mundo fica tenso. Governos passam, mas os países, as empresas e toda a vida de uma nação devem ser mais fortes que as paixões políticas", conclui.