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Solidez democrática e desenvolvimento econômico tendem a andar juntos
Economia

Solidez democrática e desenvolvimento econômico tendem a andar juntos

Sintonia
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Com raras exceções, países com sólida tradição democrática figuram entre os de maior desenvolvimento econômico e regimes autoritários, entre as últimas posições ou, pelo menos, entre aqueles com maiores índices de desigualdade social.

Para se ter uma ideia, os 10 países mais bem ranqueados no Índice de Democracia (ID) da prestigiada revista britânica "The Economist" aparecem também entre os 20 com maior Produto Interno Bruto por habitante (PIB per capita), segundo o Banco Mundial. Os dados comparados são de 2019.

Por outro lado, 6 dos 10 países com menor ID estão também entre os 100 com menor PIB per capita. Dessa lista, apenas países ricos em petróleo, como Arábia Saudita e Guiné Equatorial, e em gás natural, como o Turcomenistão, fogem à regra. A Coreia do Norte, por sua vez, classificada como o país que possui o regime mais autoritário do mundo, não tem dados econômicos conhecidos. O Brasil aparecia em 2019, ano pré-pandêmico, apenas como a 52ª nação em termos de indicadores democráticos, sendo classificado como uma "Democracia Imperfeita". No que se refere ao PIB per capita, o País aparecia na 62ª posição.

De acordo com outro estudo internacional sobre o tema, intitulado "Qual o efeito da democracia sobre o crescimento econômico?", e que pesquisou a realidade de 175 países, em média, o impacto de uma mudança permanente para um regime democrático implica em um aumento total de 21,24% no PIB per capita ao longo das três décadas seguintes. Quando há uma onda de democratizações em uma mesma região do mundo, o impacto no PIB per capita é ainda maior e chega a 26,32%.

Considerando essas variáveis, o risco de uma ruptura institucional no Brasil é avaliado como "inimaginável" e até "impossível" por dois dos especialistas ouvidos por O POVO, dada a ciência dos agentes envolvidos na contenda política sobre as consequências desastrosas de um novo regime de exceção sobre a economia.

Para o ex-presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior da Adece, Roberto Marinho, "é inimaginável que o Brasil embarque em uma situação como essa. As instituições já têm maturidade suficiente para rechaçar algo do tipo". Ele considera, porém, que caso tal quadro acontecesse, o País sofreria, indubitavelmente, sanções internacionais.

Já o professor de Relações Internacionais do IRI da PUC-RJ, Paulo Wrobel, avalia que tal cenário é "impossível". Ele defende que mesmo as declarações mais polêmicas do presidente da República configurariam um "jogo político para tentar influenciar o resultado da votação sobre a PEC do Voto Impresso", o que acabou não surtindo efeito, a propósito.

 

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