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Fundador do grupo Caoa morre e deixa legado para indústria automotiva brasileira
Economia

Fundador do grupo Caoa morre e deixa legado para indústria automotiva brasileira

Carlos Alberto de Oliveira Andrade criou uma rede que trabalhou com marcas como Ford, Renault, Subaru, Hyundai e Chery
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Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador da Caoa, morreu aos 77 anos
 (Foto: DIVULGAÇÃO/CAOA)
Foto: DIVULGAÇÃO/CAOA Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador da Caoa, morreu aos 77 anos

Morreu na manhã de ontem o empresário e médico Carlos Alberto de Oliveira Andrade, 77 anos, fundador do grupo automobilístico Caoa.

Ele era paraibano e formado em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sendo cirurgião especializado em clínica cirúrgica abdominal. A Caoa informou, em nota, que ele vinha com saúde debilitada em função de tratamento médico e morreu enquanto dormia. O empresário estava ao lado da esposa e dos quatro filhos.

No mesmo comunicado, a Caoa o destacou como um "empreendedor magistral" e um "ícone para a indústria automobilística brasileira" e informou que o grupo seguirá administrado pelos atuais executivos. Também por meio de nota, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), afirmou ter recebido com "profundo pesar a notícia do falecimento do fundador e presidente do conselho da Caoa. Dr. Carlos foi médico e um dos maiores empreendedores do País, tendo atraído importantes marcas".

Carlos Alberto de Oliveira Andrade começou no mundo dos negócios ao comprar uma concessionária falida da Ford em Campina Grande (PB), em 1979. Sobre o episódio, o colunista de mercado automotivo do O POVO e das rádios O POVO CBN e CBN Cariri, Boris Feldman, conta que "ele encomendou um Galaxy na concessionária Ford, deu um sinal e ela quebrou no meio do caminho. Aí, ele foi lá conversou com o proprietário e, para salvar o dinheiro que tinha sido gasto no carro, comprou a concessionária inteira. Daí, em alguns anos, ele já era o maior concessionário Ford da América do Sul e um dos maiores do mundo".

Em 1992, a Caoa se tornou a importadora oficial da marca Renault no Brasil e, seis anos depois, da Subaru. Em 1999, começou uma parceria com a Hyundai e, após oito anos, inaugurou a primeira fábrica da montadora no País, em Anápolis (GO). Há quatro anos, a Caoa fechou parceria com a chinesa para fazer a produção, em fábrica no município de Jacareí (SP) e a distribuição de veículos da marca na América Latina, nascendo daí a Caoa Chery.

Para Fernando Pontes, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores no Ceará (Fenabrave-CE), o empresário "ainda tinha muito a dar ao setor automotivo. Ele foi dinâmico como concessionário, distribuidor, montador e, realmente, deixou um legado. Tinha um estilo muito agressivo, no bom sentido, nas vendas, de forma que deixa uma lacuna muito grande no mercado".

Já Boris Feldman ressalta que Carlos Alberto "foi o único brasileiro a montar uma indústria automotiva de grande porte. A Caoa é hoje uma das dez maiores do seu segmento". Ele conta que a atuação do empresário foi decisiva para o sucesso das operações da Chery no País. "Os chineses tinham uma fábrica em Jacareí, mas não sabiam muito o que fazer com ela e a parceria com a Caoa salvou a marca", explica.

"Além disso, ele teve o bom senso de apostar em governança e convocar para a empresa altos executivos, alguns que já tinham, inclusive, trabalhado com ele na Ford, para poder imprimir um ritmo à Caoa que deve seguir mesmo com sua ausência", concluiu.

 

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