Em meio ao aumento de demanda por gás natural para abastecer as termelétricas, o Brasil bateu recorde de importação de GNL. Porém, mesmo com os 28,8 milhões de m³/dia (além dos mais de 30 milhões de m³/dia vindos da Bolívia e 20 milhões de m³ produzidos pela Petrobras), existe o risco iminente de faltar gás para usinas térmicas.
E, segundo enfatiza reportagem do Valor Econômico publicada ontem, há problemas no sistema que acontecem em meio à recuperação da demanda com a retomada da economia. Na publicação, o presidente da Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto, cita o atraso nas obras do gasoduto de escoamento Rota 3 do pré-sal, que só deve ser entregue em 2022.
Sem esse reforço, alguns grandes campos do pré-sal não têm condições de trazer gás para o continente. Além disso, a parada programada do campo de Mexilhão e do gasoduto Rota 1 restringirá o suprimento em setembro.
A consultoria Wood Mackenzie estima que todas as termelétricas conectadas à malha integrada de gasodutos demandariam, a plena capacidade, 50,1 milhões de m³/dia, ante uma oferta prevista da ordem de 50 milhões de m³/dia. Isso deve fazer com que as importações de gás continuem em alta enquanto ocorre a manutenção da Rota 1.
Moreira Neto explica que, independentemente de fatores conjunturais como paradas para manutenção, existem térmicas hoje com problemas estruturais de suprimento de gás.
Ele cita a Termofortaleza e a Termoceará, no Ceará, que não conseguem despachar a plena capacidade por limites nos gasodutos da região. Além disso, há o fato de a Petrobras ter desmobilizado o navio do Terminal de GNL de Pecém.
Para finalizar, a nota da Petrobras enfatiza que a companhia segue atendendo todos os contratos, "de acordo com os termos e prazos estabelecidos". "E empenhando todos os esforços para maximizar a oferta de gás e garantir a confiabilidade do suprimento aos seus clientes."