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Guedes confirma alta na conta de energia
Economia

Guedes confirma alta na conta de energia

Novos cálculos internos do governo apontam para a necessidade de a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), ser elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que crise hídrica é grave e que foi produzida nos últimos 10, 15 anos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil O ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que crise hídrica é grave e que foi produzida nos últimos 10, 15 anos

Depois de questionar qual o problema de a conta de luz ficar "um pouco mais cara", o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a taxa extra deverá ser novamente aumentada por causa da crise hídrica. "Não adianta ficar sentado chorando", disse, em audiência pública no Senado ontem, 26.

Novos cálculos internos do governo apontam para a necessidade de a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), ser elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20. Há ainda um cenário limite de até R$ 25, mas é improvável que seja adotado.

"Temos de enfrentar a crise de frente. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir. Vou pedir aos governadores para não subir automaticamente (o ICMS, imposto estadual, cobrado no valor total da conta de luz), eles acabam faturando em cima da crise. Isso não é interessante. Temos de enfrentar, não adianta ficar sentado chorando", disse Guedes, no Senado.

Em outro evento, na tarde de ontem, Guedes revelou que sugeriu "moderação" no aumento de preço das bandeiras tarifárias cobradas nas contas de luz. "É melhor subir bandeira pouco por mais tempo, do que muito por três meses", disse, em participação no evento da XP. Quem decide o novo patamar é a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A agência vai definir a bandeira de setembro hoje.

Na quarta-feira, 25, o ministro já tinha questionado: "Qual é o problema" de a energia ficar "um pouco mais cara?". Ontem, ele disse que a frase foi retirada de contexto e que há uma antecipação das eleições.

"Eu disse ontem (quarta) em um evento que tem uma crise hídrica, que subiu o preço da energia, ‘E daí? Vamos enfrentar’. Era um chamamento, eu disse em tom de exortação. Mas sempre falsificam narrativas e tentam destruir a minha reputação. Distorcem o sentido das palavras", reclamou. "A crise hídrica é grave e foi produzida nos últimos 10, 15 anos por um sistema caótico. E é mais um desafio. O ‘E daí’ foi neste sentido, vamos enfrentar essa crise", completou.

O País enfrenta a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, com grave escassez nos reservatórios das principais usinas hidrelétricas. Nesta semana, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu, em nota, uma "relevante piora" no cenário hídrico do País e nas projeções para os próximos meses. O governo anunciou novas medidas para restringir o uso de água e afirmou ser "imprescindível" a adoção de todas as ações em andamento e propostas para garantir o fornecimento de energia.

Na quarta, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que as perspectivas de chuvas até o fim do período seco deste ano, meados dos meses de setembro e outubro, "não são boas no momento". Em entrevista coletiva, ele afirmou que os meses de julho e agosto, considerando toda a série histórica, registraram o pior volume de água nos reservatórios.

Para evitar o apagão, o governo federal vem tomando algumas medidas, como estimular a redução voluntária da indústria (com compensação financeira) e de consumidores residenciais (as regras de desconto na conta de luz deverão ser apresentadas na próxima semana) e determinar a redução de consumo em órgãos públicos (em porcentuais entre 10% e 20%).

Bolsonaro apela por economia de energia

Ainda que o governo federal se recuse a falar em racionamento, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu ontem, em transmissão ao vivo nas redes sociais, a gravidade da crise hídrica e pediu à população que reduza o consumo de energia elétrica.

"Em grande parte das represas, estamos em 10%, 15% (da capacidade). Estamos no limite do limite", declarou o chefe do Executivo. "Vamos fazer um apelo para você que está em casa. Apague um ponto de luz", acrescentou. Segundo Bolsonaro, algumas represas do País vão deixar de existir se a crise não der trégua.

O secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Christiano Vieira, pediu à sociedade "esforço na economia de energia" e disse que o governo dará uma premiação pela redução no consumo. Ainda assim, o chefe da pasta, Bento Albuquerque, disse não entender as medidas como um racionamento.

Durante a live da quinta-feira, Bolsonaro ainda tentou explicar o aumento da conta de luz dos brasileiros. "Quando a gente decreta bandeira vermelha, não é maldade, é para pagar outras fontes de energia, no caso termelétricas", disse o presidente. As termelétricas são abastecidas com combustíveis fósseis, como óleo diesel, e tornam a produção de energia mais cara e poluente.

Além disso, o chefe do Executivo adotou com a energia a mesma retórica utilizada com o aumento dos preços dos combustíveis e do botijão de gás - tentou dividir o ônus com governadores e pediu aos líderes estaduais a redução do ICMS cobrado sobre a bandeira vermelha.

 

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