As altas constantes no preço dos combustíveis, notadamente da gasolina, nas refinarias poderiam ter menor impacto sobre o bolso do consumidor caso houvesse uma reforma tributária que simplificasse a cobrança de impostos sobre esse tipo de insumo.
Essa é a avaliação de especialistas que participaram ontem do programa Economia na Real do O POVO. De acordo com o consultor na área de combustíveis e gás, Bruno Iughetti, 44% da composição do preço do litro da gasolina, em média, é decorrente de tributos federais e estaduais. “Para se ter uma ideia, o preço na refinaria aumentou 27%, enquanto o preço na bomba aumentou 51%. Essa questão tributária tem de ser encarada de frente. Existe um problema e tem uma possível solução para amenizá-lo, mas é preciso vontade política”, enfatizou.
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No mesmo sentido, a advogada e especialista em Defesa do Consumidor, Maria Inês Dolci, classificou como “insanidade” ter quatro estados brasileiros com preços superiores a R$ 7,00. “Isso demonstra que há um descontrole muito grande da política econômica brasileira nos últimos anos e quando a gasolina sobe tudo sobe: alimentos, transporte. O consumidor hoje não recebe aumentos expressivos em sua renda como esses. Tem que haver um debate profundo para que haja uma reforma tributária ampla que reduza o preço dos combustíveis”, ressaltou.
Sobre o peso do aumento no preço internacional do petróleo e a adoção do chamado preço de paridade de importação, Bruno Iughetti admitiu ser alto, mas defendeu que seria “negativo abandonar essa política porque com isso nós teríamos um prejuízo também nas nossas exportações”. Ele acrescentou que “o valor da gasolina também é afetado pelo teor de mistura do etanol anidro “que é misturado em 27% a gasolina e teve um aumento de quase 6% esse mês. Isso significa um peso de mais de R$ 1 por litro”.
Na edição de ontem do programa Economia na Real, participou ainda o assessor de economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), Antonio José Costa, que, além da reforma tributária, defendeu uma reforma administrativa, que resulte em redução de gastos governamentais.
O programa Economia na Real é realizado toda quinta-feira, às 19h, com transmissão no Youtube, Facebook e Linkedin, sob o comando da editora-chefe de Economia do O POVO, Adailma Mendes.
No contexto da disputa entre governo federal e governos estaduais sobre a responsabilidade pelo alto preço da gasolina, a secretária da Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba, argumentou que os aumentos recentes nos preços dos combustíveis não têm relação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de natureza estadual. Em vídeo divulgado também ontem, ela defendeu que “a alíquota do imposto sobre a gasolina é a mesma desde 2016. No caso do diesel, o percentual permanece inalterado desde 1998”.
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