Não é somente às relações de trabalho que a adoção crescente do home office tem impactado. Uma série de efeitos econômicos colaterais e mudanças de hábitos foram desencadeados.

Raul Aragão, sócio da CDP Capital, cita que uma das mais importantes transformações aconteceram na maneira de consumir. "Muitas pessoas começaram a fazer compras online. O maior impacto aconteceu na alimentação por meio dos aplicativos de delivery, que acabou movimentando muito esse setor", exemplifica.

Para o especialista, mesmo segmentos tradicionalmente marcados pela importância das relações presenciais passaram por mudanças no modelo remoto. "Aquelas empresas que dependem muito mais do fator 'calor humano' para fechar negócios conseguiram se reinventar. E as empresas que têm atividades que já podiam ser desempenhadas no home office, com certeza, tiveram um ganho de produtividade muito grande", pontua.

Por sua vez, Vinícius Rego, sócio da PwC Brasil, afirma que o trabalho remoto teve impacto gigantesco na dinâmica das operações do negócio. "Eu costumava fazer em média 12 viagens por mês, ou seja, três vezes por semana, para várias cidades aqui do Nordeste e, também para São Paulo. Com a pandemia, eu fiz apenas três viagens em quase dois anos. Olha o impacto que isso tem no consumo de passagem aérea, no dispêndio com hospedagens em hotéis, no consumo em restaurantes! Isso afeta toda a economia que gira em torno do turismo de negócios."

Ele cita também o espaço físico dos escritórios. "Deve haver uma revisão do que é que se precisa em um escritório e até do próprio conceito desse espaço físico em si. Claro que, no processo de retomada da economia também haverá empresas contratando mais e, eventualmente precisando, de mais espaço. Então, é ver como isso vai se consolidar para o futuro."