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Ceará chega ao maior número de usuários de planos de saúde desde 2018
Economia

Ceará chega ao maior número de usuários de planos de saúde desde 2018

| Expansão | Com 1,266 milhão de vidas, Estado tem o 9º maior público e, após fusão do Hapvida com a Notre Dame, será sede da maior empresa do setor
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A iDun integra consultórios, ambulatórios e clínicas de exames de imagens para concentrar os dados dos pacientes e das famílias (Foto: Milos Jokic/GettyImages/NoSystem images)
Foto: Milos Jokic/GettyImages/NoSystem images A iDun integra consultórios, ambulatórios e clínicas de exames de imagens para concentrar os dados dos pacientes e das famílias

Em cenário adverso, marcado pela pandemia de Covid-19 e queda na renda média familiar, os cearenses representam o nono maior público consumidor de serviços suplementares de saúde do Brasil. Ao todo, o Ceará acumula 1.266.533 de clientes de plano de atendimento médico e pouco mais de um milhão de pessoas contratantes de planos exclusivamente odontológicos. É o maior quantitativo de usuários de serviços privados de saúde no Estado desde 2018 quando foram computados 2,23 milhões de consumidores no segmento.

O saldo representa um crescimento de 2,3% com relação ao número de usuários de serviços médicos e de 6.2% com relação ao atendimento odontológico privado no comparativo entre julho de 2020 e 2021 - dados mais recentes divulgados.

Conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no contexto regional, o Ceará é o terceiro maior em número de planos de assistência médica no Nordeste, atrás apenas da Bahia, com 1,6 milhão de usuários do serviço e de Pernambuco, com 1,3 milhão. Mas o número de cearenses com algum tipo de plano de saúde no primeiro semestre deste ano já supera o saldo registrado em 2020.

O aumento na adesão, porém, não necessariamente reflete um cenário positivo do ponto de vista socioeconômico. "Estamos falando apenas de centros urbanos. Isso reflete em Fortaleza, Sobral e parte da região do Cariri, mas no interior do Estado, a única realidade é o SUS", conforme pondera o economista Érico Veras, especialista em finanças comportamentais. Ele frisa que o acesso ao serviço deve ser visto como um privilégio a ser questionado.

O crescimento, além de influenciado pela preocupação com o coronavírus, é observado hoje após de queda no acesso em 2019 e 2020, quando desemprego começou a aumentar no País. Queda tanto pelo fato de que 60,4% dos planos de saúde contratados pelos cearenses são planos coletivos, por meio de parcerias com empresas contratantes e não contam com regulamentação direta da ANS, quanto pela diminuição da renda.

"Nós temos uma renda média no Estado de R$ 1,6 mil, mas isso é muito variável. Temos uma parcela significativa de pessoas que ganham bem menos que isso e vivem uma realidade de 'ou eu como e pago o aluguel ou eu pago um plano de saúde’, mas é claro que sem tais necessidades, o serviço se torna bastante atrativo por uma série de fatores sociais", complementa o economista.

Sendo berço de uma das maiores operadoras de Saúde do Brasil, a Hapvida, que após conclusão do processo fusão com a NotreDame, irá gerenciar cerca de 6 milhões vidas de usuários dos planos de assistência médica e odontológica, a cobertura do sistema suplementar de saúde abarca apenas 14,7% da população cearense.

Do ponto de vista social, Érico Veras destaca que saldo demarca a desigualdade social. "Nós não devemos comemorar que tantas milhões de pessoas tem um plano de saúde. Nós deveríamos lutar para que nenhuma visse esse serviço como uma necessidade, lutar e valorizar um atendimento público de qualidade", destaca.

Com relação ao mercado de saúde suplementar, o número pode ser visto como resultado de uma estratégia de expansão das empresas do setor. “Esse mercado é muito concorrido, não é interessante para as empresas fixarem todos os seus clientes em uma única região. O plano de atuais gigantes do mercado, sempre é ir adquirindo um carteira de clientes mais dispersa, até para atrair um maior número de investidores”, analisa Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).

No atual contexto, a perspectiva para o setor é de recuperação e crescimento acelerado, pautado pela inovação e em novas formas de comercialização dos serviços ofertados. A criação de redes de atendimento populares que cobram taxa básica mensal e adicionais por serviços utilizados são outra frente de crescimento para o setor, além das grandes redes de saúde, conforme pontua o economista.

“Existe um espaço bem significativo para o crescimento do sistema suplementar de saúde, não só aqui no Ceará, principalmente na fidelização mais individualizada de um consumidor autônomo, sem necessariamente a vinculação ao tipo de emprego”, analisa Ricardo ao destacar que planos de saúde mais acessíveis com personalização do serviço na realidade social do cliente, especialmente trabalhadores autônomos e Microempreendedores Individuais são a atual tendência do setor.

Números do setor

  • ESTADOS E USUÁRIOS

São Paulo

17.577.936

Rio de Janeiro

5.354.717

Minas Gerais

5.346.557

Paraná

2.935.827

Rio Grande do Sul

2.549.705

Bahia

1.618.174

Santa Catarina

1.521.876

Pernambuco

1.366.328

Ceará

1.268.537

Goiás

1.205.191

  • SÉRIE HISTÓRICA DO NÚMERO DE USUÁRIOS NO CEARÁ

2021 (julho):

1.266.533

2020

1.255.643

2019

1.262.923

2018

1.284.336

Fonte: ANS

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