A gasolina já não é o único combustível que ultrapassou os R$ 6 no Ceará. O litro do etanol, que antes era uma alternativa mais econômica, já é encontrado nos postos por até R$ 6,30, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Alta de 5% em sete dias e o equivalente a 94,6% da máxima da gasolina (R$ 6,70). Enquanto isso, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, em audiência na Câmara Federal, estica a corda e acirra guerra com estados sobre de quem é a culpa pela elevação de preços dos combustíveis.
De acordo a ANP, entre os dias 5 e 11 deste mês, o preço médio do etanol no Ceará ficou em R$ 5,47. Três centavos a mais do que a média da semana imediatamente anterior. A mínima se manteve estável em R$ 4,34. Porém, a máxima para o produto deu um salto de R$ 5,99 para R$ 6,30 em sete dias.
Com isso, a diferença para o preço máximo da gasolina, que está em R$ 6,70, passou a ser de apenas R$ 0,40. Ou o equivalente a 94,2%. Na semana anterior, a diferença de preço entre os dois combustíveis era de R$ 0,70 (89,2%).
O preço médio da gasolina no Estado está em R$ 5,98. Um centavo a menos do que a média da semana imediatamente anterior. Já o diesel está com preço médio de R$ 4,91 (alta de 1,64%), segundo ANP.
Ontem, ao ser questionado pelos parlamentares, Joaquim Silva e Luna disse que a elevação de preços é fruto de uma "série de incidências de impostos". "A Petrobras não passa a volatilidade momentânea do preço internacional do petróleo".
Segundo ele, a parte da composição do valor que corresponde à estatal em relação à gasolina, por exemplo, é de R$ 2, considerando um preço na bomba de R$ 6. "O que impacta é o ICMS, e outros impostos federais, como PIS e Cofins", alegou.
O discurso está em linha com o que vem sendo defendido pelo presidente Jair Bolsonaro que atribui aos governadores a responsabilidade pela escalada dos preços dos combustíveis no País. No Ceará, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina é de 29%.
Porém, isso é questionado pelos Estados, que têm reforçado que as alíquotas são as mesmas há muito tempo. No Ceará, a última mudança foi em 2015. O que os governadores têm defendido é que a alta é fruto da alteração da política de preços, por parte da Petrobras e do Governo Federal, que prevê reajustes baseados na paridade do mercado internacional.
Recentemente, inclusive, 11 estados e o Distrito Federal entraram com uma ação judicial para suspender do site da Petrobras propagandas supostamente enganosas sobre a composição de preços dos combustíveis
O engenheiro de petróleo, Ricardo Ribeiro, explica que de fato a cota-parte da Petrobras na gasolina é, em média, de R$ 2, mas em cima do produto puro, antes da adição dos 25% de etanol, que é o tipo de gasolina que chega à bomba. “O que da forma como vem sendo dito pode levar a uma confusão para quem não entende a composição do preço dos combustíveis”.
Contudo, ele pondera que o peso dos impostos é alto, embora também seja verdade que as alíquotas estão estáveis. Para Ricardo, o nó da questão é que, além de todos esses pontos, que são reais e agravam o problema, há a instabilidade política e econômica brasileira que faz com que o dólar siga alto e o Real seja uma das moedas mais desvalorizadas.
“Estamos diante de uma tempestade política que não deixa os fatores econômicos se estabilizarem. O que penaliza o consumidor, principalmente, o mais pobre que vive nesse estado de nervos de não saber como será amanhã”.
No caso do etanol, há ainda questões sazonais. “O etanol subiu e a tendência é que fique ainda mais caro devido ao período de entressafra. Estamos em uma crise hídrica que está derrubando a produtividade das lavouras. E com o etanol subindo, é mais um ponto de pressão sobre a gasolina, já que é um dos insumos do produto”.
O que mudou no preço dos combustíveis no Ceará
Etanol
Preço Médio - R$ 5,47 (Subiu 0,55%)
Preço Mínimo - R$ 4,34 (Preço estável)
Preço Máximo - R$ 6,30 (Subiu 5%)
Gasolina
Preço Médio - R$ 5,98 (Baixou 0,16%)
Preço Mínimo - R$ 5,57 (Baixou 0,35%)
Preço Máximo - R$ 6,70 (Baixou 0,14%)
Diesel
Preço Médio - R$ 4,91 (Subiu 1,65%)
Preço Mínimo - R$ 4,66 (Subiu 0,64%)
Preço Máximo - R$ 5,13 (Baixou 1,15%)
Fonte: Levantamento de preços ANP entre os dias 5 e 11 de setembro, com comparativo em relação à semana imediatamente anterior
Quando vale a pena abastecer com etanol?
O consumidor precisa fazer uma operação matemática simples: dividir o preço cobrado pelo litro da gasolina pelo cobrado no litro do etanol. Se o resultado der menor ou igual a 70, vale a pena abastecer com etanol. Se for maior que 70, é melhor colocar gasolina. Resumindo, o preço do etanol precisa ser até 70% do preço da gasolina para valer a pena usar etanol.
Isso tem a ver com o rendimento do combustível no motor. Todo automóvel sai de fábrica com duas projeções de rendimento, nas quais são apontadas as quilometragens percorridas com cada um dos combustíveis. A gasolina sempre tem maior distância por litro devido à combustão de maior poder.