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Situação é mais difícil para micros, pequenos e informais
Economia

Situação é mais difícil para micros, pequenos e informais

Dinâmica.Compra em pequena escala para abastecer negócios e pouco profissionalismo agravam saúde financeira destes nichos
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FORTALEZA, CE, 16-09-2021: Reportagem sobre como a inflacao dos alimentos impacta negocios que dependem muito desse tipo de item tais como pousadas e hoteis. As fotos sao do restaurante do hotel Tres Caravelas, na Praia de Iracema. As fotos destacam o cafe da manha do hotel e 
a movimentacao de funcionarios e turistas. Praia de Iracema, Fortaleza. (BARBARA MOIRA/ O POVO)
 
empanada_salteña_carbone_foto_bárbara_moira (Foto: BARBARA MOIRA)
Foto: BARBARA MOIRA FORTALEZA, CE, 16-09-2021: Reportagem sobre como a inflacao dos alimentos impacta negocios que dependem muito desse tipo de item tais como pousadas e hoteis. As fotos sao do restaurante do hotel Tres Caravelas, na Praia de Iracema. As fotos destacam o cafe da manha do hotel e a movimentacao de funcionarios e turistas. Praia de Iracema, Fortaleza. (BARBARA MOIRA/ O POVO) empanada_salteña_carbone_foto_bárbara_moira

Entre aqueles que têm um negócio muito dependente da compra de gêneros alimentícios, a situação é mais difícil para pequenos e microempresários ou para os informais que têm menos poder para adquirir esses produtos em larga escala, negociar descontos com fornecedores e formar estoque.

Reginaldo Aguiar, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Ceará, lembra que o "pequeno é menos eficiente em suas operações de compra, justamente por isso. O informal que tem um carro vendendo espetinho não tem como comprar muita carne. Ele acaba comprando de um açougue na esquina. É diferente de uma grande churrascaria que compra em um atacadista e opera com estrutura de custo mais baixa porque a escala dele é maior".

Para Alessandra Araújo, economista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), "boa parcela dessas pessoas trabalham como autônomos. Elas dependem do comércio de rua, que a economia esteja aberta e as pessoas estejam circulando. Muitas dessas pessoas quebraram porque no auge da pandemia não tinham mais a quem vender a sua batata-frita ou o seu cachorro-quente".

Em entrevista ao programa Economia na Real, transmitido semanalmente às quintas-feiras nas plataformas digitais de O POVO, a especialista acrescentou que "aos que resistiram, é preciso desenvolver estratégias. Da mesma forma que o consumidor pode se juntar para compartilhar informações sobre preços, os microempreendedores também podem fazer maior pressão sobre os fornecedores".

Segundo o empresário do varejo de alimentos, Romildo Mororó, "os microempreendedores que se abasteciam em supermercados não estão mais se comportando como antes e houve uma queda no ticket médio. Tivemos uma queda de mais de 25% nas compras de carne bovina e uma substituição pelo frango, mas até isso está sob ameaça porque o preço do milho também está subindo".

Romildo, que é também um dos diretores da Associação Cearense de Supermercados (Acesu) cita, ainda, que outro item que pressiona a alta dos alimentos são os preços das embalagens plásticas, que sofreram grande elevação, assim como todos os produtos derivados do petróleo. "Se fôssemos fazer o repasse integral dos nossos custos, os preços dos produtos subiriam até 30%", estima.

Já Thiago Fujita, presidente da Associação Cearense de Defesa do Consumidor (Acedecon), lembra que o momento é desafiador até para se proteger de preços abusivos. "Preço abusivo é aquele que ocorre sem a devida justificação, mas esse momento é tão atípico, que nem os órgãos fiscalizadores tem conseguido diferenciar. Há preços que dobram em questão de meses", constata. (Colaborou Adailma Mendes)

 

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