A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) calcula que até o fim de setembro a malha aérea doméstica estará com 74% de sua capacidade em operação. Para a internacional, a previsão é de 23% na conclusão do terceiro trimestre do ano. As previsões são as mesmas para o Ceará no que tange a rotas nacionais que passam pelo Estado.
Segundo o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, a capacidade doméstica deve ser restabelecida no País em 100% ainda no primeiro trimestre de 2022.
Eduardo sinaliza ainda que o público que vem se destacando nessa retomada é o de profissionais que buscam hoje trabalhar e ter lazer ao mesmo tempo. "Ele movimenta toda a família. Que vai passar cinco dias no Nordeste, por exemplo, mas segue trabalhando. Está substituindo o velho público corporativo."
As três linhas nesse novo segmento de turismo apontadas pelo São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB) - que realizou evento ontem, junto à Fundação 25 de Janeiro e Visite São Paulo, na capital paulista, sobre tendências no turismo e novas ações do Governo de São Paulo - são Room Office, no qual quartos de hotéis passaram a ter mais a configuração de escritórios; Anywhere Office, a busca por montar o escritório em qualquer lugar; e Resort Office, que nas horas livre oferece estadia com piscinas, spas, academias e outros serviços de bem-estar.
"Este novo turismo de negócios, pago pela pessoa física que busca um ambiente diferenciado para o trabalho, impacta em como estudávamos o setor, pois suas viagens não são necessariamente de temporada, podendo pulverizá-las por todo o ano e durante dias úteis, tendo, assim, um valor diferenciado para as diárias; extensão da estadia por um maior período; e aproveitando todas as adaptações que os hotéis executaram no último ano", explicou Toni Sando, presidente executivo do SPCVB.
Por conta desse cenário, a Abear, inclusive, identificou uma recuperação mais rápida dos resorts, que trazem essa estrutura procurada hoje em dia.
Presente também no evento com as instituições do turismo paulista, a gerente executiva de Canais de Venda da Gol, Daniela Araujo, demonstrou otimismo com a retomada do setor.
"A expectativa é voltar com as principais rotas nos grandes hubs do Brasil ainda neste ano." Ela cita São Paulo, Bahia e Brasília. A ideia da marca é também com a parceria com a American Airlines atrair clientes dos EUA para o Brasil e América do Sul e ainda contar "com mais 30 voos dentro dos Estados Unidos".
"Passamos a poder conectar os EUA com cidades como Caxias do Sul (RS)", exemplifica Daniela.
Sobre o retorno de voos da companhia para a Argentina e Estados Unidos, países que já anunciaram que voltarão a permitir a entrada de brasileiros a partir do cumprimento de certas exigências, a empresa posiciona não ter ainda uma data para restabelecer as rotas.
Na ordem de expectativas da Gol, segundo a executiva, estão primeiro o atendimento aos mercados regionais, o incremento da demanda com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a consequente retomada econômica do País.
Na relação entre São Paulo e Ceará quando se fala em novos caminhos para o turismo interno, o que o estado do Sudeste defende é que o paulista deve seguir sendo representativo para o segmento cearense, que tinha, em 2019, 20,9% do seu faturamento e 7,9% do seu público a partir do turista de São Paulo. "Queremos nos integrar mais forte. São Paulo é um grande emissivo para o Nordeste, com 27% do turismo (na região). E ainda com um ticket médio alto", analisou o secretário do Turismo e Viagens de São Paulo, Vinicius Lummertz.
São Paulo também pretende atrair mais turistas de todas as parte do Brasil. Para isso, o estado vem organizando a divisão de regiões estaduais para se investir em turismo a partir das potencialidades de cada localidade. São investimentos em ecoaventura, rodovias de potencial turístico, estruturas náuticas, capacitação e campanhas de comunicação.
(Jornalista viajou a convite da Fundação 25 de Janeiro)