O camarão produzido em cativeiro nas fazendas da região da Costa Negra, no litoral Oeste do Ceará, foi o primeiro produto do Ceará a receber uma indicação geográfica (IG), em 2011. Também foi o primeiro Certificado de Denominação de Origem emitido no mundo para um crustáceo, no caso, o da espécie litopenaeus vannamei.
Além da notoriedade na produção daquela região, restou comprovado que as águas escuras do Rio Acaraú, rica em matéria orgânica, são o que fazem com que o camarão da costa negra se diferencie no mercado.
Mais pesado, com textura consistente e sabor encorpado, por causa dos aspectos físicos da região, ele possui alto teor protéico, além de ser um produto livre de antibióticos e quaisquer outros produtos químicos.
A história da comercialização do produto é relativamente recente, iniciou há 30 anos, e advém de uma ação empresarial da Associação dos Carcinicultores da Costa Negra (ACCN), liderada pelo empresário Livino Salles.
A atual presidente da ACCN, Socorro Lima, explica que nesses últimos dez anos, desde a certificação, foram muitos altos e baixos. O produto, que já chegou a ter um valor 40% superior no mercado internacional, foi, por exemplo, duramente afetado pela crise da mancha branca, entre os anos de 2016 e 2017, que dizimou muitos viveiros de camarões no Nordeste como um todo.
O que levou a uma reestruturação das normas técnicas de produção. Aliado a isso, também pesaram as sucessivas crises macroeconômicas que vieram nos anos seguintes e foram agravadas, desde 2020, pela pandemia. Hoje, a produção é 30% daquela de antes. Ainda assim, o balanço é positivo, na avaliação de Socorro.
“Éramos 33 associados, quando veio a crise da mancha branca ficaram em torno de 12, mas, aos poucos, estamos conseguindo nos reestruturar. Hoje são 62 produtores de camarão, boa parte deles agricultores familiares.”
Ela diz que, mesmo neste contexto, ter a IG do produto reconhecida ajudou a atenuar a crise, já que há todo um reconhecimento da região em torno da qualidade do produto. “Onde quer que se vá, se conhece a excelência do camarão da costa negra”.
Viabilizar a retomada das exportações, intensificar a divulgação da IG em feiras, como o Circuito Cultural e Gastronômico da Costa Negra, que ocorrerá nos dias 15 e 16 de outubro, em Acaraú, são algumas das ações que estão sendo adotadas para dar novo fôlego ao segmento.
“Além de trabalhar em cima da marca coletiva dos produtores para que a gente consiga colocar essa cooperativa de frente para o mundo.”