Os preços das cervejas da Ambev vão aumentar entre 6% e 8% em todo o País e os estabelecimentos de alimentação fora do lar não têm como segurar essa alta, que será repassada ao consumidor integralmente. O encarecimento se dará em embalagens desde 600 ml até descartáveis.
A alta será repassada também ao consumidor nos supermercados do Ceará. Além disso, outras cervejarias devem acompanhar a tendência de aumento, mas os estabelecimentos ainda não foram comunicados pelas marcas concorrentes.
A informação é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), que esclarece que o encarecimento será a partir da segunda-feira, 4 de outubro, na Ambev, mas somente começará a valer quando os estoques dos estabelecimentos forem renovados.
Em nota ao O POVO, a Ambev informa que faz, periodicamente, ajustes nos preços de seus produtos e as mudanças variam de acordo com as regiões, marca, canal de venda e embalagem.
Taiene Righetto, presidente Abrasel-CE, informa que o aumento no valor da gelada vai variar muito do tipo de distribuidora e embalagem, mas vai de 6% a 8%. Ele acrescenta que no Ceará o sentimento do impacto é muito grande, pois na Grande Fortaleza, por exemplo, há uma das maiores inflações do País.
O empresário ainda se queixa das restrições de funcionamento dos restaurantes no Estado, que continuam com capacidade de operação reduzida em 50%, além disso, o limite de hora é até uma da manhã.
Outro peso no orçamento dos bares e restaurantes detalhado por Taiene é a energia elétrica e o aluguel. "A negociação com imobiliárias tem sido difícil", diz. Acrescenta ainda que o faturamento dos empreendimentos está a 65% do nível pré-pandemia. "Não tem outra saída. Esse impacto (valor maior das cervejas) vai ser sentido por todo mundo."
Sobre a Ambev, ele diz que entende o aumento, pois a alta na conta de luz também chegou para a indústria, bem como a inflação nos preços dos insumos para produção de cerveja.
De acordo ainda com Nidovando Pinheiro, presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), como a cervejaria não consegue entregar toda a necessidade que o varejo cearense precisa, não existe estoque e não há como segurar o preço.
"Assim que as unidades à venda acabarem, o preço vai ser reajustado." Ele disse que a falta de algumas ou quase todas as bebidas Ambev acontecem no Estado.
"Geralmente, acontece quase todos os itens, mas principalmente as especiais, como as puro malte", diz, acrescentando que é uma escassez constante e que os supermercados têm tido dificuldade para trabalhar com a Ambev por conta disso.
Dentre os motivos, detalha que a Ambev comunicou que no período da pandemia tiveram de parar toda a cadeia produtiva e desde que voltaram ainda não conseguiram botar em dia a parte de produção. Além disso, neste período, houve acréscimo do consumo de cerveja.
Sem impostos e fretes, a alta acumulada em 2021, de janeiro a agosto, chega a 4,11% nos preços de porta de fábrica das bebidas, e de 5,89% nos últimos 12 meses, segundo pesquisa divulgada na terça-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento de preços pode ser visto na indústria como um todo, que subiram 1,86% frente ao mês anterior em agosto.
Com isso, as 24 atividades analisadas tiveram alta de valores, o que somente havia ocorrido em agosto de 2020.
Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP) divulgados ontem, 29, pelo IBGE, que mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete das indústrias extrativas e da transformação.
No ano, o aumento acumulado nos preços da indústria chegou a 23,55% e, em 12 meses, a 33,08%.
“A demanda aquecida do comércio internacional e a desvalorização do Real frente ao dólar vêm impactando os preços industriais no mercado interno. O movimento dos preços do minério de ferro e do óleo bruto do petróleo, por exemplo, afeta de forma quase direta os setores de químicos, de refino e de metalurgia. No setor alimentício, as exportações de commodities, como soja e milho, pressionam para cima os custos das rações para animais e, por consequência, das carnes”, esclarece Manuel Souza Neto, gerente do IPP.
O setor de alimentos foi o que mais influenciou o resultado geral do IPP de agosto (0,51 ponto percentual). Na comparação com o mês de julho, os alimentos subiram 2,19%, sendo a sétima taxa positiva observada ao longo do ano (a única negativa foi a de junho, em 0,14%) e a segunda maior de 2021, perdendo apenas para os 2,66% registrados em abril. No ano, o segmento acumula alta de 12,47%.