Na data prevista pela Ford para o encerramento da produção de veículos Troller, em Horizonte, segue sem definição o processo de demissão dos cerca de 450 funcionários da fábrica no Ceará. O número de encomendas de unidades acima do esperado pela controladora da marca também impede o avanço do planejamento anunciado no início de agosto.
Com isso, as negociações devem seguir pelo mês de outubro, segundo o presidente da Força Sindical no Ceará, Raimundo Nonato Gomes. “Ainda está em processo de negociação. A ideia é conseguir um acordo para essas demissões da mesma forma que foi feito lá em Camaçari, na Bahia. Nos reunimos no mês passado com a diretoria da Ford e devemos ter nova reunião agora em outubro, inclusive com a presença do presidente nacional da nossa central sindical”, afirmou.
Em maio, a Ford havia fechado um acordo coletivo com um sindicato que representava cerca de 4 mil empregados da unidade de Camaçari. Nele, foi incluída uma compensação financeira adicional às verbas rescisórias, com indenização de R$ 130 mil por trabalhador e o acréscimo de 1 a 2,05 salários nominais por ano trabalhado, além da concessão de seis meses de plano médico e de um programa de qualificação e apoio à recolocação para os profissionais demitidos.
Em 11 de janeiro deste ano, a Ford surpreendeu o mercado automobilístico brasileiro ao anunciar o fechamento de suas unidades fabris no País, mas garantindo inicialmente a manutenção das atividades da fábrica da Troller até dezembro. Nesse meio tempo, o governo do Estado articulou-se para intermediar a venda da marca criada no Ceará e adquirida pela multinacional em 2007. Em julho, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet) chegou a confirmar a existência de quatro compradores interessados.
Contudo, no dia 5 de agosto, a montadora anunciou que o novo prazo para o encerramento da produção no Estado seria antecipado para setembro, no caso de veículos, e para novembro, no caso de autopeças. Após o anúncio, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), ainda tentou convencer a empresa a retomar o processo de negociação para a venda da marca, em reunião com o presidente da Ford na América do Sul, o que foi rejeitado. No fim do mês passado, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) começou a analisar a viabilidade de que o Executivo cobrasse uma reparação judicial à empresa.
Com as indefinições ainda pendentes, a tendência é que as demissões e o encerramento das atividades da Troller ocorram de forma mais gradativa. Porém, a Ford não se manifestou, ainda, sobre o eventual atraso no cronograma de fechamento da fábrica em Horizonte.