No mesmo dia em que oficializou a exoneração de Romildo Rolim da presidência do Banco do Nordeste (BNB), o Conselho de Administração da instituição escolheu como presidente interino o diretor de Negócios da entidade Anderson Possa, que vai acumular as duas funções.
Por sua vez, Anderson Possa pregou a continuidade dos trabalhos que o BNB vinha executando e não descartou a ideia de ser efetivado no cargo. “É claro que, como executivo do mercado financeiro, com mais de 20 anos de carreira em bancos, eu me preparei para contribuir da melhor forma possível com o BNB e, claro, que se eu vier a ser efetivado no cargo máximo da instituição será uma honra. Agora, o mais importante é que a gente esteja contribuindo par o desenvolvimento da região, seja como diretor de Negócios ou como presidente”, afirmou.
Anderson Possa disse, também, que foi surpreendido com a escolha para presidir o BNB e que tomou conhecimento da decisão ontem. Mesmo que não seja efetivado, ainda não há uma previsão de quanto tempo ele deve ficar no comando da instituição, pois o processo para a investidura dos novos administradores da gestão 2021-2023 passa por uma série de trâmites políticos e burocráticos. O novo presidente defendeu que “num primeiro momento é muito importante continuar o trabalho que vem sendo feito, no sentido de aplicar todos os recursos que o Governo Federal disponibiliza para o Nordeste”.
Ele acrescentou que “independentemente da interinidade ou não, o cargo reivindica que sejam pensados novos processos, produtos e serviços para o aprimoramento da gestão. A partir de amanhã (hoje), a gente já vai fazer reuniões de análise de questões que estavam em andamento e outras que nós podemos encaminhar daqui por diante, buscando essa melhoria contínua no nosso produto serviço”.
A substituição na presidência do BNB repercutiu entre economistas ouvidos por O POVO. Para o vice-presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento de Capitais (Apimec Brasil), Célio Fernando Bezerra Melo, “a trajetória do ex-presidente Romildo Rolim foi de muito sucesso, com a instituição batendo recordes em termos de volume de operações e recursos aplicados no Nordeste”.
Ele destaca que “embora com grandes dificuldades do ponto de vista político, o Romildo teve resultados bem acima do que a gente poderia imaginar diante das circunstâncias”. Sobre o novo presidente do BNB, o economista disse esperar que “siga os mesmos passos, mas obviamente ciente das muitas transformações que o pós-pandemia vai exigir”.
No mesmo sentido, o ex-presidente do BNB, Marcos Holanda, advertiu que a nova administração do banco precisará estar atenta a essas mudanças. “Isso vale, em especial, para o microcrédito. O banco precisa reestruturar-se, inovar mais e estar focado na oferta de crédito para aqueles não atendidos pelos bancos privados”, pontuou.
A substituição se dá um dia após o banco ter publicado nota esclarecendo a manutenção de uma parceria feita em 2003 com uma ONG para operacionalizar programas de microcrédito, que havia causado mal-estar dentro do Governo Federal. Romildo Rolim, em entrevista ao colunista de O POVO, Jocélio Leal, enfatizou bons resultados de sua gestão, que durou aproximadamente quatro anos (com breve interrupção em 2019), e criticou a disputa política em torno da instituição.
Leia mais nas páginas 8, 9 e 14
Raio X do BNB
Investimentos*: R$ 40,07 bilhões
Lucro líquido recorrente*: R$ 1,44 bilhões
Número de clientes: 2,5 milhões
Número de municípios atendidos: 1.995
Número de agências: 292
Estados em que atua: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais
* Consolidado de 2020
Apesar da turbulência, ações do banco fecham o dia em estabilidade
As ações do Banco do Nordeste (BNB) fecharam cotadas ontem em R$ 71,90, mesmo valor do dia anterior (0% de variação), na Bolsa de Valores (B3).
Talvez por já ter como certa a exoneração do até então presidente do BNB, Romildo Rolim, o mercado reagiu praticamente com indiferença ao anúncio de substituição no comando da instituição. No cômpito geral, o resultado da B3 apresentou queda de 0,11%. No mês de setembro, a Bolsa acumulou perdas de 7%. Já o terceiro trimestre registrou queda de 13%.
Por sua vez, o dólar se firmou em alta ao longo da tarde de ontem, refletindo, sobretudo, os temores relacionados à política fiscal, em meio ao debate em torno da prorrogação do auxílio emergencial e da tramitação da PEC dos Precatórios. No pior momento ao longo da tarde de ontem, a moeda chegou a tocar na casa de R$ 5,47, ao correr até a máxima de R$ 5,4758 ( 0,84%).
A piora coincidiu com informações de que uma ala do governo defende a inclusão da prorrogação do auxílio emergencial na PEC dos Precatórios, ideia que encontraria resistências no ministério da Economia. Se não for incluída na PEC, a extensão do auxílio emergencial, adotado para lidar com os efeitos da pandemia do coronavírus, pode ser feita por crédito suplementar (fora do teto de gastos).
A escalada do dólar só diminuiu após intervenção inesperada do Banco Central com a oferta de até 10 mil contratos (US$ 500 milhões) de swaps cambiais, absorvida integralmente pelo mercado. Na prática, o BC injetou dinheiro no sistema com uma operação equivalente a venda de dólar futuro. Foi a primeira intervenção "surpresa do BC" desde 8 de julho, quando o dólar bateu R$ 5,30. Naquela época, o BC ofertou também US$ 500 milhões.
Com o arrefecimento após a atuação da autoridade monetária, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,4462, em alta de 0,29%. (Com agências)