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Inflação em Fortaleza passa dos 2 dígitos em 12 meses e supera a do País
Economia

Inflação em Fortaleza passa dos 2 dígitos em 12 meses e supera a do País

No ano, a inflação na Capital acumula alta de 7,84% e, nos últimos 12 meses, de 11,19%. No mês, variação foi de 1,22%, a segunda maior do ano
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Setor de transporte foi um dos que mais tencionou a inflação da Capital, juntamente com vestuário (Foto: Gabriel Borges/ O POVO)
Foto: Gabriel Borges/ O POVO Setor de transporte foi um dos que mais tencionou a inflação da Capital, juntamente com vestuário

A inflação em Fortaleza segue em ritmo de alta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro subiu mais 1,22%, quase o triplo do observado no mês anterior. Essa alta consolidou setembro como a segunda maior inflação no ano na Capital. No ano, a inflação na Capital acumula alta de 7,84% e, nos últimos 12 meses, de 11,19% - ultrapassando a média nacional, de 10,25%.

O cenário futuro, no entanto, não é "nada alentador", como classifica Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE). "Aqui, em Fortaleza, consumimos muitos produtos de outros estados e o custo logístico se tornar muito elevado pelo transporte rodoviário", explica.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro. Segundo o IBGE, o maior impacto na inflação (0,32 p.p.) veio dos Transportes e a maior variação (2,52%) de Vestuário, que acelerou em relação a agosto (1,04%).

Na sequência, vieram Habitação (1,82%) e Alimentação e Bebidas (1,15%), cujos impactos foram de 0,31 p.p. e 0,28 p.p. respectivamente. Esses três grupos contribuíram, conjuntamente, com cerca de 83% do resultado de setembro (1,02 p.p. do total de 1,22). Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,04% em Educação e a alta de 1,41% em Artigos de residência.

Sobre o grupo Transportes, Coimbra já sinaliza uma possível nova elevação dos preços devido aos novos ajustes feitos pela Petrobras nos combustíveis. Essa medida, inclusive, reflete sobre os demais grupos segundo o economista, novamente observando o custo logístico mais elevado na Capital.

Serviços que mais pesaram

No grupo de custos da Habitação, o principal vilão foi a energia elétrica (+4,33%), influenciada principalmente por ter entrado em vigor a nova bandeira Escassez Hídrica.

Outro serviço que variou bastante foi o custo com passagens aéreas (+43,73%) no grupo de serviços do Transportes.

Principal grupo de consumo, Alimentação e Bebidas inflacionou bastante entre agosto (+0,51%) e setembro (+1,15%). O principal vilão foi o custo da banana-prata (+15,66%), das aves e ovos (+3,68%), do frango (2,72%) e das carnes (2,28%).

"Junta tudo isso e fica pior para o cidadão. Vamos ter dificuldade para o arrefecimento desse processo inflacionário porque se trata da situação como se fosse um problema eminentemente monetário e não é. É uma questão de custo da produção. Se o governo não tentar controlar a inflação com outras variáveis, vamos acabar chegando em um processo de inflação alta e crescimento muito baixo", arremata o presidente do Corecon. 

Inflação atinge dois dígitos

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Bolsonaro descarta congelar preços

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a condução da política econômica nacional. "Tenho falado com Paulo Guedes, não basta a economia, você tem que ter viés político", afirmou o chefe do Executivo na cerimônia alusiva à 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas (SP). Apesar disso, Bolsonaro garantiu que não vai interferir na Petrobras e ou congelar o preço dos combustíveis na canetada. "Não tenho poder sobre Petrobras", disse. "Já tivemos experiência de congelamento no passado".

As declarações vêm em meio à pressão do presidente por alguma medida que diminua o preço dos combustíveis, vilão da inflação, além das negociações pelo Auxílio Brasil, programa para substituir o Bolsa Família e tornar-se a vitrine eleitoral do governo nas eleições de 2022.

Sob a pressão dos aumentos da energia elétrica, gasolina, passagem aérea e gás de botijão, o IPCA, indicador oficial de inflação no País, teve alta de 1,16% em setembro - o pior resultado para o mês desde 1994, ano de implantação do Plano Real. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses rompeu o patamar de dois dígitos, chegando a 10,25% no mês passado, ante a meta de 3,75% (com tolerância de 1,5 ponto) perseguida pelo Banco Central neste ano.

Os reajustes de preços nos grupos habitação, transportes e alimentação responderam por cerca de 86% do IPCA de setembro. Entre os itens de maior impacto, os que mais contribuíram para a inflação foram energia elétrica (0,31 ponto porcentual), gasolina (0,14 ponto), passagem aérea (0,10 ponto), gás de botijão (0,05 ponto) e automóvel novo (0,05 ponto).

Apesar da insatisfação com a alta dos preços, Bolsonaro também garantiu que não haverá rompimento de contratos em seu governo.

Ele reconheceu, porém, que a sua gestão tem falhas. "Em parte dá certo nosso governo, não vou falar que é tudo 100%", afirmou. Em seguida, voltou a dizer que seu governo não tem corrupção. "Pode haver um dia, mas não vai ser por incentivo", acrescentou, sem considerar as denúncias de irregularidades na compra de vacinas contra a covid-19 expostas pela CPI da Pandemia. (Agência Estado)

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