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Sicredi projeta crescimento de 20% em 2022, apesar de "economia patinar"
Economia

Sicredi projeta crescimento de 20% em 2022, apesar de "economia patinar"

| Expansão | Em entrevista ao O POVO, diretor executivo da Sicredi Ceará, Marcos Aragão, destaca que espaço de mercado das cooperativas de serviços financeiros deve aumentar nos próximo anos. Intenção é abrir mais 13 agências no Ceará até 2025
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Marcos Aragão é diretor executivo da Sicredi-CE (Foto: Bárbara Moira)
Foto: Bárbara Moira Marcos Aragão é diretor executivo da Sicredi-CE

Com projeto que deve quase dobrar sua presença no Ceará, a Sicredi-CE quer abrir mais 13 agências até 2025, com investimento de R$ 5 milhões. A informação foi confirmada ao O POVO pelo diretor executivo da cooperativa de serviços financeiros, Marcos Aragão. Ele ainda afirma que, apesar das previsões positivas com ressalvas para o desempenho da economia nacional em 2022, o Sicredi-CE deve continuar sua trajetória ascendente e crescer 20%.

“Para o próximo ano esperamos um crescimento substancial da nossa carteira, apesar das perspectivas de economia patinando no próximo ano”, afirma.

Aragão ainda enfatiza que o trabalho ligado ao cooperativismo de crédito vem ganhando espaço no mercado, popularizando uma nova relação entre instituição financeira e clientes - no caso da Sicredi são chamados “cooperados”. Em 2021, a projeção é que sejam distribuídos entre os cooperados mais de R$ 12 milhões em recursos.


O POVO - Como tem acontecido o processo de expansão da Sicredi e qual a diferenciação ante os concorrentes no setor bancário?

Marcos Aragão - A nossa intenção é que até o ano de 2025 a gente consiga abrir mais 13 agências em todo o Ceará, identificando as principais localidades, observando as regiões e escolhendo os melhores locais para abertura de agência. Só que a escolha desses locais cumpre um certo cronograma: de imediato, abrimos um escritório de negócios. Esse escritório, composto de gerentes e assistentes, vai cair em campo e começar a fazer negócios, crédito e todos os nossos serviços financeiros nas cidades e regiões. A partir do momento em que essas unidades cresçam e atinjam um ponto de equilíbrio, a gente chega com uma agência com todos os serviços financeiros, inclusive com caixas físicos. Temos esse cuidado de dizer que queremos ocupar fisicamente os espaços, mas sem esquecer que somos também uma instituição financeira totalmente digital, com plataforma de internet banking, aplicativo com uma das melhores avaliações entre os bancos do Brasil. Então o conceito é manter o relacionamento, mas sem perder essa pegada digital. Pretendemos investir cerca de R$ 5 milhões nessa expansão no Ceará até 2025, mas, de acordo com o que for acontecendo, podemos até ampliar.

OP - Sobre esse avanço na presença física do Sicredi, há um posicionamento de ir no sentido contrário dos grandes bancos, que estão fechando agências?

Marcos - Temos hoje no Ceará 15 agências num total de dez cidades. Estamos ampliando esse número regularmente, a última abertura foi na avenida Washington Soares, que era uma região que ainda não tínhamos presença e hoje já possui uma movimentação de mais de R$ 5 milhões em crédito, uma agência que já é superavitária. Além disso, estamos reformando todas as agências, repaginando elas para que se tornem verdadeiros espaços dos cooperados, para o relacionamento, para que ele se sinta bem acolhido. Neste ano, entregamos novas agências em Crateús e Morada Nova, também estamos em plena construção de um escritório de negócios no bairro Montese. Nossa cooperativa tem crescido vigorosamente. Somente no último ano, o crédito total foi de 42%. O crescimento na quantidade de cooperados foi de 16%. E em investimentos crescemos 36%. Nossa liquidez hoje é uma das melhores do sistema, muito confortável. E de funding (sobra de liquidez) nós temos mais de R$ 300 milhões para que a gente consiga continuar alavancando o crédito.

OP - Olhando no cenário nacional temos a dominância dos grandes bancos nesse sistema financeiro. Como o Sicredi observa as possibilidades e quais as perspectivas quanto ao desenvolvimento do cooperativismo de crédito?

Marcos - Encaro esses dados do mercado financeiro como oportunidade. Temos hoje uma concentração que chega próximo a 80% em ativos geridos pelos cinco grandes bancos e o cooperativismo de crédito, entre crédito e ativos totais, está com fatia entre 3% e 4% do mercado. Então, há um potencial enorme de ocupação desse mercado de crédito, serviços financeiros e investimentos. É claro que a gente continua com nossa curva de crescimento. O Sistema Sicredi no Brasil cresce em torno de 20% anualmente, então a possibilidade que a gente tem de estar diminuindo essa concentração dos grandes bancos, oferecendo um novo modelo de negócios para os brasileiros é muito grande. Não só as cooperativas de crédito, mas também as fintechs. De uma certa forma começamos a incomodar os grandes bancos. E o Banco Central vê isso com bons olhos, pois ele quer ver a entrada de novos players no mercado e nós somos uma novidade, oferecendo um serviço diferente. Acredito que as perspectivas nos próximos anos as cooperativas ganham participação no mercado.

OP - Como o Sicredi tem se colocado quanto à demanda por financiamento em energias renováveis?

Marcos - A demanda por crédito para instalação de sistemas de geração de energia solar fotovoltaica tem crescimento bastante expressivo. Tem crescido muito na nossa carteira e estamos próximos do R$ 20 milhões aplicados no crédito de energia solar, as taxas praticadas também são competitivas e podem ser alternativas para o crédito subsidiado pelo governo. E o mais importante é a nossa agilidade na análise e concessão do crédito, isso faz a diferença. O nosso crédito é direcionado às pessoas jurídicas, principalmente as micros, pequenas e médias empresas, tratando com capital de giro, operações de desconto e financiamentos. Destacaria ainda a atuação do Sicredi durante a pandemia com os programas de crédito emergenciais do governo, como o Pronampe, em que temos uma carteira de R$ 80 milhões. Esse crédito foi importantíssimo para ajudar a sanear as contas dos micros, pequenos e médios empresários.

OP - Como funciona essa relação com os cooperados e qual a diferença para o tratamento dado aos clientes dos bancos?

Marcos - A principal diferença é que na relação do Sicredi com os cooperados, repartimos com todos tudo o que a instituição tem a oferecer. Todo resultado da nossa operação obrigatoriamente volta aos cooperados após apresentação dos resultados em assembleia. Outra coisa importantíssima é a gestão democrática. Na cooperativa, as decisões estratégicas são tomadas pelos associados em assembleia, além de que há representantes desses associados que tomam as decisões do dia a dia. Na nossa assembleia anual, em que levamos os resultados da cooperativa, os cooperados aprovam o balanço, as contas e decidem sobre os movimentos estratégicos. Ou seja, é uma gestão democrática. Por fim, destaco como uma importante diferença o relacionamento. Não abrimos mão de estar próximos dos cooperados, servindo de consultor, vendo a necessidade dele.

OP - Como deve ocorrer a distribuição desses recursos?

Marcos - Ano passado distribuímos R$ 12 milhões entre os cooperados. Neste ano, ao fim do exercício de 2021, a gente vai realizar as contas, mas prevemos que seja distribuído entre R$ 12 milhões e R$ 13 milhões. Apesar da crise, vamos fechar o ano bem. Os cooperados recebem a fatia do recurso tal qual a movimentação que ele tem conosco. Quanto mais ele se relaciona, mais recebe. Na assembleia também é decidido de que forma será dividido, entre aplicadores de recursos, tomadores de dinheiro e aqueles que mantém relacionamento com movimentações em conta. Em 2019, havíamos distribuído R$ 14 milhões. Para o próximo ano esperamos um crescimento substancial da nossa carteira, apesar das perspectivas de economia patinando no próximo ano, as nossas carteiras de crédito e serviços financeiros estão crescendo e teremos um ano sem paralisação de atividades, comércio melhorando, então esperamos resultado forte. Estamos calculando as previsões, mas esperamos um crescimento de 20% nos resultados.

Novas agências

Das 13 novas operações previstas, quatro serão entregues ainda em 2021. São elas a do bairro Montese, em Fortaleza, e as dos municípios de Eusébio, Maracanaú e Caucaia.

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