O volume de mercadorias e produtos que saem do Ceará para o Exterior em 2021 irá gerar o maior valor de exportações registrado no Estado nos últimos 20 anos, conforme dados do Centro Internacional de Negócios do Ceará. No consolidado até outubro deste ano, o valor exportado no Estado aumentou 38% com relação a igual período de 2020 e deverá atingir o patamar de US$ 2,5 bilhões até o fim do ano.
Com o saldo consolidado até outubro em US$ 2,1 bilhões, a participação do Ceará nas exportações do Nordeste chega a 12,51% enquanto no âmbito nacional é de 0,93%. O valor supera o resultado obtido em 2020 e coloca o Ceará novamente como o segundo maior exportador entre os nove estados nordestinos, atrás somente da Bahia, que acumula US$ 8,2 bilhões em exportação.
"O estado do Ceará assume um relevante protagonismo no que se refere a internacionalização e nisso me refiro as potencialidades de captação de investimento estrangeiro, o comércio exterior e o turismo, e tudo isso está interligado. Nós temos no estado uma ambiência de negócios muito bem consolidada", avalia Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará.
A disparada de preço nos fretes, em especial do marítimo, é um desafio. "Os fretes estão com preços muito elevados, principalmente na rota marítima Brasil e Ásia e isso impacta as exportações. Mas a ideia é que para próximo ano os preços tenham condições de serem mais competitivos com valores mais próximos da realidade, sendo um cenário mais promissor para um novo aumento das exportações", analisa.
Apesar do cenário conturbado, na passagem de 2020 para 2021, Ceará registrou cinco novas cidades produzindo mercadorias para exportação. Com o reforço, chega a 62 o número de municípios cearenses que possuem parte da cadeia produtiva voltada para o comércio exterior. Com maior destaque para São Gonçalo do Amarante, Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Sobral, que juntam produzem cerca de 80% dos produtos voltados para exportação no Ceará.
Entre os setores de maior destaque, o maior protagonismo segue com a exportação de ferro que acumula crescimento de 53% com relação a 2020, sendo seguido pela produção de calçados, polainas e artefatos para exportação, que somam US$ 179 milhões, aumento de 29% no valor registrado para o grupo no ano passado.
A exportação de fios e tecidos de algodão teve salto de 210,4% com relação a 2020 somando US$ 39 milhões e se consolida como o nono setor mais relevante para o mercado exterior do Ceará. A exportação de combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação registram queda de 47% na demanda por exportação.
O cenário positivo para exportação deverá impulsionar ainda o desenvolvimento socioeconômico do Estado no pós-pandemia e ser impulsionado pelos hubs de desenvolvimento consolidados no Ceará, como o logístico, portuário, aéreo e mesmo setor de energia renováveis, conforme analisa Karina.
O potencial que o Ceará tem a alcançar nos próximos anos, no entanto, é ainda mais promissor. Estudo realizado pela Agência Brasileira de Promoção a Exportações e Investimentos (Apex Brasil) mostra que há mais de quatro mil oportunidades de exportações de produtos, serviços e bens de consumo, mapeadas em 231 países, totalizando US$ 83,5 bilhões.
Para ajudar as empresas cearenses interessadas a adentrar nesse mercado, ontem, a Apex lançou em Fortaleza, o Núcleo do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex). A iniciativa, fruto de convênio firmado com a Fiec até julho de 2023, visa qualificar cem empresas do Estado para que passem a comercializar sua produção em outros países.
Esta é a terceira edição do Pelex no Ceará. Entre 2003 e 2016, em seus dois últimos lançamentos, o programa atendeu 1.335 empreendedores.
Para o diretor de negócios da Apex Brasil. Lucas Fiúza, a partir do programa, é possível aumentar em 33% o número de empresas exportadoras no Estado.
"O desafio para a exportação é a cultura exportadora, pois o Brasil tem um mercado interno grande, de tamanho continental. Muitas vezes o empresário brasileiro não precisa exportar para sobreviver. Outro desafio é a questão do conhecimento sobre quais mercados devem ir, como abordar".
O presidente do Sindiquímica e diretor de Comercio Exterior da Fiec, Marcos Soares, reforça que essa parceria pode transformar a cadeia produtiva do Ceará. "Ao fim da qualificação queremos que, pelo menos, 60% das empresas estejam exportando" (Colaborou Beatriz Cavalcante)
Saiba como se inscrever no Peiex:
O Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) tem como objetivo preparar as empresas brasileiras para começar a exportar seus produtos e serviços de forma planejada e segura, com a orientação de profissionais especialistas em comércio exterior.
Essa é uma iniciativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que conta com parceiros em todo o Brasil. No Ceará, a entidade parceira que irá executar o Peiex é a Fiec através do seu Centro Internacional de Negócios.
Como participar?
É preciso solicitar uma visita da equipe técnica do Peiex mais próximo ou encaminhar e-mail para apexbrasil@apexbrasil.com.br. A empresa necessita assinar um Termo de Adesão ao programa, por meio de assinatura eletrônica, que pode ser feito por Certificado Digital ou Documento com Foto.
É preciso pagar pelo atendimento do Peiex?
A empresa não precisa pagar pelo atendimento, mas deve estar disposta a dedicar tempo e investir na melhoria do seu processo. Ao final do atendimento, que dura aproximadamente 38 horas, a empresa recebe um plano de exportação para orientar a sua inserção internacional.
Qual a contrapartida do(a) empresário(a)?
O(a) empresário(a) deve estar disponível para verificações de procedimentos e para entrevistas com os técnicos extensionistas do PEIEX. Também é fundamental a participação nos encontros de capacitação para melhoria de gestão de processos e produtos. O trabalho do técnico extensionista não gera ônus financeiro para a empresa.
Fonte: Apex Brasil