No Ceará, algumas iniciativas buscam inserir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, a exemplo do Centro de Profissionalização Inclusiva para Pessoas com Deficiência (Cepid). Criado em 2014, o espaço visa a qualificação profissional prioritariamente de pessoas com deficiência, bem como a intermediação com o mercado de trabalho e a prática de esportes adaptados.
No local, são ofertados cursos nas áreas administrativa, recepcionista, cuidador de pessoas idosas, dentre outros. "Visitamos empresas para tentar inserir o profissional. Para isso, em alguns casos, tentamos flexibilizar o perfil desejado, porque muitas vezes o candidato não tem a escolaridade exigida", explica Adriano Pordeus de Lima, gerente do Cepid.
Ele explica que isso ocorre porque muitas vezes uma pessoa com deficiência começa a estudar mais tarde, não encontra acessibilidade nas escolas.
Para ele, a maioria das empresas que aceitam esses profissionais o fazem por exigência da lei, e não para diversificar o quadro de funcionários. "Algumas, inclusive, contratam o profissional, mas o dispensam do trabalho presencial, por não desejarem realizar algum investimento para incluí-lo".
Apesar disso, ele observa que há um movimento de mudança na postura das empresas. "Mas isso acaba sendo dificultado quando um ministro afirma, por exemplo, que uma criança com deficiência 'atrapalha", critica Adriano, lembrando declaração do ministro da educação Milton Ribeiro, durante entrevista.
O Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) também desenvolve ações para inserir profissionais pcd no mercado de trabalho. "Entendemos que não basta fiscalizar e punir as empresas que não cumprem a legislação, mas sim fazermos uma conscientização para que o empregador veja a capacidade produtiva e laboral dessas pessoas", afirma Vladyson Viana, presidente do órgão.
Desde 2012, mais de 31 mil pessoas com deficiência entraram no mercado formal de trabalho, com o setor de serviços sendo o principal responsável pelas contratações.
De acordo com Vladyson, mais de 24 mil empresas de pequeno porte empregam profissionais com alguma deficiência, e o perfil mais buscado são pessoas com o ensino médio completo e deficiência física.
A busca por pessoas com baixo perfil escolar e a dificuldade de ascensão profissional são entraves. "Não temos um instrumento efetivo para garantir a ascensão profissional dessas pessoas dentro das empresas, o que acaba se refletindo nos salários, com a maioria dos contratados ocupando funções com remunerações que variam entre R$1.100 a R$1.650".