O Governo do Ceará deve assinar no próximo dia 8 mais três protocolos de intenções com empresas interessadas em investir em projetos de hidrogênio verde (H2V) no Estado. A informação foi antecipada pelo secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Maia Junior, ontem, no webinar do projeto Raio X, “Ceará: os desafios da economia para 2022”, realizado pelo O POVO.
Na ocasião, será realizado um workshop com todos os agentes envolvidos em torno de projetos de hidrogênio verde. Também está prevista a assinatura de termo de referência com a Universidade Federal do Ceará (UFC) para realização de estudos para estruturação da cadeia produtiva em torno do hidrogênio verde no Estado.
Ele explica que esse estudo, encabeçado pela UFC, mas com articulação com todas as secretarias estaduais, Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e empresas interessadas em investir em usinas, vai tratar não apenas de aspectos regulatórios, mas também sobre políticas públicas, como, por exemplo, no que é preciso avançar em termos de infraestrutura para o Ceará poder se um polo de destaque na produção desse tipo de combustível.
Atualmente, o Estado conta com 12 acordos assinados com empresas interessadas em construir usinas de hidrogênio no Estado. Mas, para além desses três previstos para serem firmados no dia 8, a depender apenas da agenda do governador, há ainda outros três em fase de finalização. Com isso, o número de projetos saltaria para 18.
“Mas temos várias empresas novas, inclusive, muito grandes no mercado global, em início de entendimento. A Shell mundial está discutindo conosco um projeto de hidrogênio verde. Tem outra empresa inglesa em projeto de finalização, mas que, por questão de confidencialidade, precisamos aguentar um pouco mais (antes de revelar o nome)”.
O secretário também adiantou que teve reuniões com representantes do Banco Mundial e do Banco Interamericano para debater possíveis financiamentos para estudos sobre o tema e para estruturação de centros de referência sobre o tema.
“Tem muita coisa acontecendo. Agora, tem um dever de casa que precisa ser estruturado para permitir ao Ceará ser um dos grandes players não só de produção de hidrogênio para o Brasil, mas também para exportação”.
O secretário executivo de Regionalização e Modernização da Casa Civil do Ceará, Célio Fernando, destacou que esse workshop será importante para colocar a estrutura do Estado em contato com as empresas interessadas, mas para identificar demandas sobre o que é preciso ser feito.
Ele explica que já se sabe, por exemplo, que para rodar o hub de hidrogênio, que vai demandar um aumento exponencial da produção de energias renováveis, será preciso avançar na infraestrutura de linhões de transmissão, de subestações, ações de saneamento básico e rodovias. Mas é preciso estudar mais a fundo também normas técnicas para projetos de dessalinização da água do mar, outra demanda que deve avançar a partir desses projetos.
“Na hora em que você fala de uma dessalinizadora, aquele sal pode criar desertificação se não estiver bem regulado. Na hora em que você fala também em energia offshore (no mar) tem todo um planejamento marinho que precisa ser conversado. E estamos buscando as melhores práticas para o Ceará”.
Ontem, durante o webinar, o vice-presidente da Fiec, Carlos Prado, destacou que um aspecto importante dessa cadeia é que a maioria dos projetos tem investimentos das próprias empresas. Ou seja, não demandaria grande esforço do Estado neste sentido.
Mas, o potencial de irradiar benefícios para outros segmentos econômicos é ainda maior. Ele vê, por exemplo, o agronegócio cearense, sobretudo, aqueles pequenos projetos no Interior, como um dos principais beneficiados.
Prado explica que na medida em que aumentarem os projetos de geração de energia por fontes renováveis e a tecnologia envolvida nesses processos, a tendência é que os custos de produção caiam a tal ponto que será viável também usar essa energia para fazer a dessalinização da água do mar. O que ajuda a minimizar o impacto da falta de água no Estado.
“E quando isso acontecer vamos ter água à vontade disponível para aproveitar toda essa terra de baixo custo que temos próximo ao litoral. Ai sim, vamos ter uma explosão do desenvolvimento no interior do Ceará, o que vai possibilitar que essa população mais desassistida possa dar um salto de produtividade. Acho que, em não mais do que dez ou vinte anos, a gente já vai começar a ver esses resultados”.