Logo O POVO+
Reestruturação da cadeia produtiva de moda no Ceará pretende gerar 15 mil empregos
Economia

Reestruturação da cadeia produtiva de moda no Ceará pretende gerar 15 mil empregos

Segmento aposta em capacitação e formalização de negócios mirando exportação, além de alinhar esforços de toda cadeia econômica
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Indústrias têxteis, confecções e demais setores industriais terão acesso a iniciativa (Foto: Bárbara Moira)
Foto: Bárbara Moira Indústrias têxteis, confecções e demais setores industriais terão acesso a iniciativa

Com capacitação, formalização de negócios e apostas em operações conjuntas, a cadeia produtiva de moda no Ceará projeta finalizar sua reestruturação até 2029 com a geração de 15.372 novos postos de trabalho - 3 mil deles apenas em 2022 - e a conquista de mercado no exterior. Além dos sete sindicatos de trabalhadores e empresários do setor no Estado, o processo terá apoio dos governos estadual e federal.

A reestruturação do segmento está sendo conduzida pelo Programa 100%Ceará e começou a implementar ações de mercado há duas semanas. “É a nossa resposta para um retorno concreto de crescimento do setor, pois estávamos em uma situação insustentável, precisamos abrir mão de ações individuais em um plano que traga benefício para todos", defende Lélio Matias, presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas de Homem e Vestuário do Ceará (Sindiroupas).

Em cinco anos, entre 2013 e 2018, o setor de confecções no Estado acumula queda de 28,30% na participação da indústria cearense, com redução de 22% no número total de empregos. O contexto de declínio afeta ainda o desempenho das fábricas de vestuário no Estado, que amargam queda do 2º para o 6º lugar no ranking nacional em duas décadas.

Com a união do Sindiroupas com Sindconfecções, Sindcalf, Sinditêxtil, Sindalgoão, Sindredes e da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o 100%Ceará será dividido em ciclos de três anos, com metas anuais. Um dos focos é a formalização de empreendedores do ramo que atuam na informalidade.

“Queremos consolidar uma identidade para moda no Ceará. Da roupa íntima até as redes e calçados, precisamos seguir um padrão de qualidade para avançarmos nacionalmente e começarmos a planejar nossas ações de exportação”, destaca Lélio. O valor exportado pelo setor de vestuário no Ceará em 2020 foi de US$ 226 milhões e a meta do setor é expandir anualmente o valor exportado em, no mínimo, 5%.

Profissionalização

Uma das frentes de ação do projeto é a profissionalização de centros comerciais de moda que atuam na informalidade e criar projetos de fomento à indústria de moda no Estado, aproveitando o potencial regional já existente. Até dezembro de 2022, serão 160 empresas atendidas com consultorias de negócios e assessoria técnica para expandir a produção.

Além disso, espera-se conquistar a formalização de 200 empreendedores e consolidação de parceria com 45 prefeituras para oferta de cursos de capacitação na área com a meta de atender 3.600 profissionais que atuam ou queiram atuar em qualquer segmento relacionado à moda no Estado. Ao todo, 20 municípios já manifestaram interesse em aderir ao programa de capacitação oferecido pelo projeto.

Apoio governamental e crédito não serão gargalos

As metas do projeto foram apresentadas ao Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com intuito de conquistar apoio de verbas federais para impulsionamento do setor. O presidente do Sindconfecções, Daniel Gomes, destacou que Marinho prometeu apoio à iniciativa. “A receptividade do ministro Rogério Marinho representa um novo momento para o desenvolvimento da moda do Estado”, afirma.

Outra entidade que tem sido buscada pelo projeto é o Banco do Nordeste (BNB), para liberação de crédito com condições especiais para empreendedores e empresários do setor. Lélio destaca que já houveram encontros com representantes do banco e que as negociações avançam de forma “satisfatória” e que em breve o setor deverá “estar celebrando um pacto de cooperação” com a entidade.

“Sem esse tripé, do setor privado, público e social não teremos como avançar na recuperação da qualidade, prestígio e desenvolvimento da moda no Ceará”, complementa Lélio. O representante de setor pontua ainda que o 100%Ceará está em constante diálogo com o governo do Estado para articulação de incentivos fiscais para o segmento.

A Agência de Desenvolvimento do Ceará, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará e a Câmara Setorial de Moda serão os principais responsáveis para articulação do setor com o hub de comércio exterior que está se consolidando no Ceará. No que diz respeito a capacitação profissional, todos os equipamentos do Sistema da Indústria (CNI, SESI, SENAI e IEL) e também as unidades do Sebrae serão os principais parceiros. 

Uma das estratégias que serão implementadas já em 2022 é a reunião de todos os eventos de moda e feiras de negócios do setor em uma única semana no Estado, com intuito de que uma realização atraia publico para outra e consolide o Ceará como referência para negócios em moda no Brasil. 

O que muda com a reestruturação da cadeia produtiva de moda no Ceará?

Com a articulação do projeto 100%Ceará, setor de moda espera alavancar a produção, faturamento e geração de empregos de todos os segmentos da área no Ceará. Assim, até o fim de 2029, espera-se que os segmentos estejam atuando em conjunto para atingir as seguintes metas:

  • Conquistar a terceira maior produção industrial de moda do Brasil, saindo dos atuais 9,3% de participação nacional para 14,2%.
  • Aumentar o fluxo de riquezas associadas ao mercado da moda no Estado, elevando o PIB do setor para R$ 8,5 bilhões.
  • Sair do 7º maior PIB industrial do Ceará e se consolidar como o 5º maior segmento na geração de riquezas no Estado.
  • Aumentar para 7,7% a participação da produção cearense no cenário da moda no Brasil, atualmente estimado em 6,6%.
  • Consolidar aumento de 36,49% na vagas formais de emprego gerados na indústria da moda no Ceará.
  • Recuperar 28,30% das empresas formais perdidas nos últimos 5 anos e promover a formalização de 10% de negócios informais do setor totalizando registro de 3.306 estabelecimentos formais.
  • Realizar consultoria à 380 empresas, capacitação de 6 mil novos profissionais para o setor e convênio com 90 municípios do Ceará.
  • Atingir taxa de 75% de associativismo e sindicalização de novos empreendedores e empresas criadas no Estado.
O que você achou desse conteúdo?