O efeito da pandemia na produção de riquezas e de demanda dos setores da economia deve produzir "surpresas" no resultado do PIB dos municípios de 2020, que deve ser apresentado no próximo ano. Essa é a análise dos analistas do Ipece e do IBGE no Ceará.
"O que vai acontecer com o PIB dos municípios em 2020 será uma caixinha de surpresas", afirma o supervisor de Documentação e Disseminação da Informação do IBGE no Ceará, Helder Rocha. Ele ainda lembra que Fortaleza, junto com outras cinco capitais, apresentaram perda de participação no PIB nacional entre 2018 e 2019, o que deve ser agravado em 2020.
Isso deve ocorrer graças às mudanças na dinâmica da economia com o fechamento das atividades durante os meses mais críticos da pandemia. O que reduziu fortemente o desempenho dos setores econômicos, principalmente, nas maiores cidades. Por outro lado, a renda do auxílio emergencial é outro fator a pesar na conta, sobretudo, dos municípios mais pobres.
Segundo a análise do analista de políticas públicas do Ipece, Daniel Suliano, existe a possibilidade de que em municípios, até então dependentes da renda proveniente de benefícios sociais e previdenciários, sejam beneficiados com o incremento do auxílio emergencial na renda per capita da população.
"Existem municípios no Ceará em que a renda per capita anual é muito baixa. Somente com a renda do auxílio emergencial de 2020, de aproximadamente R$ 3,6 mil durante os seis meses que esteve em vigor por R$ 600, veremos aumentos substanciais do PIB per Capita. É bem provável que quando divulgarmos os dados de 2020, tenhamos essas situações. No Ceará, temos mais de 20 municípios com PIB per Capita abaixo de R$ 7 mil".