A crise entre o governo Jair Bolsonaro e a elite do funcionalismo público federal continua se alastrando. Após os servidores da Receita Federal e do Banco Central entregarem seus cargos comissionados, mais de 150 auditores-fiscais do Trabalho já deixaram seus postos de chefia ou coordenação.
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) se reuniu ontem com a cúpula do Ministério do Trabalho e Previdência para levar a insatisfação dos servidores que, assim como outras 36 categorias, cobram do governo a abertura de negociação para reajustes salariais.
O movimento começou após o presidente Bolsonaro anunciar em dezembro que faria uma reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. O governo chegou a reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para atender apenas as categorias de segurança que são base de apoio do seu governo.
A mobilização por aumento salarial também avança dentro do Banco Central. Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, 1.200 funcionários sem cargos comissionados ou previstos para substituição já aderiram ao movimento - mais de um terço do total de servidores na ativa (3.500) -, se comprometendo a não assumir funções de comissão.
Os servidores federais também marcaram o Dia Nacional de Mobilização por reajuste salarial, marcado para 18 de janeiro e que contará com atos públicos em frente ao Ministério da Economia e à sede do Banco Central, em Brasília.
Segundo o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que organiza o movimento, o ato em frente ao BC está marcado para às 10 horas, enquanto, no Ministério, irá acontecer às 14h, no Bloco P. Os pedidos de autorização para a realização da manifestação foram enviados ontem ao Governo do Distrito Federal (GDF).
A paralisação faz parte de um calendário de mobilização aprovado em reunião no dia 29 de dezembro, no contexto de insatisfação do funcionalismo federal com o acolhimento, por parte do governo, dos interesses apenas da categoria de policiais em 2022.
Se não houver resposta pelo governo, a categoria planeja outras mobilizações nos dias 25 e 26 de janeiro. O calendário fecha na primeira semana de fevereiro, quando o Fonacate, que reúne 37 entidades associativas e sindicais, representando cerca de 200 mil servidores públicos, quer realizar novas assembleias para deliberar sobre uma greve geral. (Agência Estado)