Mesmo com saldo positivo para as exportações do Ceará em 2021, nem todas as cadeias produtivas de cearenses conseguiram figurar satisfatoriamente no mercado exterior. A exemplo do setor de bebidas, em específico da cachaça.
Enquanto em 2020, ainda surfando em uma sequência de bons anos de produção e venda, o Ceará ocupava a quarta posição entre os estados que mais faturaram com a venda da cachaça para o exterior, em 2021, Estado caiu para sétima posição em termos de venda e manteve o sexto lugar com relação ao volume exportado.
Com a pandemia de Covid-19, Estado saiu de um crescimento de 61,29% em termos de valor e de 49,43% em termos de volume exportado em cachaça entre 2019 e 2020, para uma queda de 32,25% em termos do valor exportado em cachaça e de 33,14% com relação ao volume vendido para fora do Brasil em 2021.
"Tivemos uma falta de insumos severa e isso vem se agravando na cadeia produtiva. Chegou num ponto praticamente insustentável com aumento considerável do frete internacional e a escassez de containers", pontua Carlos Lima, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac).
O representante do setor destaca ainda que, mesmo com os gargalos logísticos agravados pela pandemia, a demanda pelo produto no mercado exterior, em especial América do Norte e Europa, é um alívio que fundamenta esperanças de uma retomada contínua. Ele pontua ainda que para o ano de 2022 o clima é de otimismo, mas também de cautela.
"Apesar do aumento das exportações, o mercado interno, nacional, em 2021, não acompanhou isso. Tivemos uma queda de 23% nas vendas nacionais, mesmo depois da reabertura de bares e restaurantes, que demorou, e muitos ainda não voltaram a toda capacidade ou nem voltaram", acrescenta.
Carlos afirma ainda que os estabelecimentos, associados ao setor de eventos, representam 70% do faturamento da cadeia produtiva da cachaça no Brasil e diz que diante das incertezas geradas pela nova variante da Covid-19, empresários do setor se mantém "em alerta para tudo".
Com relação ao Ceará, Carlos destaca que mesmo com as quedas registradas em 2021 o Estado se mantém como "extremamente importante no cenário de exportação e produção" e aposta em uma rearticulação das linhas de produção no Estado, assumindo como foco estratégias para conquistas de novos mercados no exterior já em 2022.
"O Ceará é muito importante para a cadeia produtiva da cachaça. É um setor que histórica e culturalmente está presente no Estado. É um importante setor de desenvolvimento regional e que mesmo com a queda nas exportações, continua mantendo a produção em termos de volume", finaliza.