Passados quase dois anos do início da pandemia do novo coronavírus, os impactos nos setores continuam a ser somados. Estimativas dos setores econômicos apontam para um fechamento de 1.040 mil lojas do Centro de Fortaleza, mais de 3,5 mil bares e restaurantes e 900 academias fechadas em Fortaleza. O somatório passa de 5 mil falências. Ainda assim, muitos novos negócios foram iniciados no período, principalmente, por microempreendedores individuais. Tanto é que, em 2021, apesar das perdas, o saldo encerrou positivo em 15%, segundo a Junta Comercial do Ceará (Jucec).
Indo além do recorte da Capital, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Ceará (Abrasel) estima que ocorreram em todo Estado mais de 10 mil falências e mais de 60 mil postos de trabalho foram fechados desde o início da pandemia.
Para o presidente da Abrasel, Taiene Righetto, a pandemia representou o pior período da história, pois parecia uma crise sem fim. Os efeitos disso devem perdurar, mesmo em quem já declarou falência e nem exerce mais a atividade, estima ele.
Isso porque como a maioria dos negócios era de pequeno porte e familiar, muitos não separavam o que era capital de giro de orçamento familiar, contraindo dívidas. "Para nós, foi o pior período da história, principalmente por 94% serem pequenos negócios. E pior, as pessoas se endividaram pelo resto da vida, comprometeram o orçamento da família. Isso é muito sério, ainda acreditamos que devem vir ainda os efeitos da pandemia de dívidas e de recursos trabalhistas", avalia.
No Centro de Fortaleza, é notório observar o aumento de lojas fechadas com anúncio de disponível para aluguel. O presidente da CDL Fortaleza, Assis Cavalcante destaca que o fechamento das lojas impactou sobremaneira os setores de comércio e serviços. Agora, até o número de passantes no Centro diminuiu e Assis cobra ações do poder público para que o principal corredor comercial da Cidade seja reanimado.
"Antes da pandemia, a gente tinha em torno de 350 mil pessoas circulando diariamente no Centro todos os dias, agora temos 190 mil pessoas. O fato interessante é que esses remanescentes estão comprando, antes havia demanda de pessoas que vinham ao Centro para estudar nos colégios e faculdades ou mesmo só passear", observa.
Assis diz que ações promocionais têm sido a tática para fazer com que o público volte. Iniciativas como o Natal de Prêmios, em dezembro, e a realização do Centro Premiado, em abril, são apostas. "Estamos tentando reanimar o Centro de Fortaleza, tivemos a reinauguração da Praça da Criança, que, funcionando na plenitude, deve atrair pessoas. As lojas que saíram do Centro, muitas sucumbiram ou desistiram de ser empresários. Mas a CDL tem feito ações para trazer a chama de esperança novamente para que tenhamos a movimentação de outrora", completa.
No caso das academias, o retorno do público é esperado e até incentivado por questões de saúde. Sasha Reeves, diretora do Sindicato das Empresas de Condicionamento Físico do Estado do Ceará (Sindifit-CE), destaca que a pandemia pressionou bastante o setor financeiramente e pelo menos 30% das mais de 3 mil academias que estavam em funcionamento fecharam.
"É um momento de atenção ao caixa da empresa, porque infelizmente o ano começou com desafios. O período que seria bem positivo, deu uma freada. Os estabelecimentos precisaram fazer malabarismos para se sustentar", afirma. Sasha ainda defende a essencialidade das academias como contribuintes para boa saúde das pessoas, na prevenção de doenças e comorbidades, aumentando a imunidade.
Em meio às avaliações do quão desafiadores foram os dois últimos anos, dados da Junta Comercial do Ceará (JCCE) revelam que houve aumento de 15% no saldo de empresas abertas em 2021, com abertura de 71.225 empresas a mais do que fechamentos. A maioria (83%) das aberturas foram registradas como Microempreendedor Individual (MEI).
O setor de alimentação fora do lar já sentiu esse efeito. Taiene Righetto diz que tem observado a entrada de novos empreendedores no setor. "Diria que os bares e restaurantes devem fazer muita diferença nesta retomada na geração de empregos, absorvendo muito bem mão de obra diversificada".
VAGAS DE EMPREGO
Apesar do cenário, a perspectiva é positiva para este ano. De acordo com o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine-IDT), a projeção é de captação de 69 mil novas vagas.