A empresa Solar, segunda maior fabricante e engarrafadora do Sistema Coca-Cola no Brasil, concluiu ontem o processo de incorporação das operações do Grupo Simões. Com a integração das operações, a cearense assume o controle de mercado de bebidas não alcoólicas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Em entrevista exclusiva ao O POVO, André Salles, diretor geral da Solar, anunciou investimentos da ordem de R$ 650 milhões em 2022.
O acordo de fusão das operações havia sido divulgado pelas empresas em comunicado ao mercado ainda em julho de 2021. Com a conclusão do processo, a empresa cearense passa a gerenciar 13 fábricas, 44 centros de distribuição, com 15 mil funcionários e atendendo cerca de 400 mil pontos de venda. Também se consolida como a 13ª maior empresa do sistema global de fabricantes da Coca-Cola. O faturamento bruto combinado das empresas atingiu o patamar de R$ 9,8 bilhões em 2021.
André Salles destaca que o processo de integração dos pontos de venda, clientes e funcionários será o pilar central dos investimentos da empresa em 2022. O controle da empresa será compartilhado entre as famílias atuais controladoras de Solar e do Grupo Simões e a The Coca-Cola Company continuará a ter participação relevante na companhia.
"É um passo importantíssimo para o nosso modelo de negócio, é algo muito especial e histórico para o mercado de bebidas no Brasil. Não tem outra empresa de bem consumo, com semelhante distribuição e capilaridade", afirma.
Ele destaca ainda que uma das estratégias a serem adotadas será a consolidação e expansão do marketshare das regiões interioranas na região amazônica e no sertão nordestino. "O interior é um foco importantíssimo, é uma área que queremos desenvolver cada vez mais e que a gente segue investindo nos nossos pontos de venda nos mais de 2.500 municípios do Norte e Nordeste onde atuamos."
A empresa atua ainda no estado do Mato Grosso e em parte de Goiás. A conquista de mercado em outras regiões do Brasil, porém, deverá ser um plano para os próximos anos. "Estamos focados em consolidar nossa cultura, integrar os funcionários. Queremos garantir uma incorporação e alinhamento suave e garantir o mercado que já temos."
Não há previsão inicial de abertura de novas vagas de trabalho ou unidades de fabricação por parte da Solar, mas ele diz que a empresa está "preparada para qualquer necessidade de expansão".
Porém, destaca que a modernização das linhas de produção e da digitalização de clientes e pontos de venda são prioridades. Assim como o aporte nas frotas de caminhões, em ações de desenvolvimento sustentável e na implementação de novas tecnologias em toda cadeia produtiva mantida pela empresa.
"Nós temos muitos clientes, pequenos empreendedores, empreendedores familiares que já vendem online, pelas redes sociais, ali pelo WhatsApp, então nós iremos impulsionar isso. Temos em 160 mil pontos de venda o aplicativo solar e queremos expandir isso para toda nossa rede, sendo a porta de inclusão digital de muitos empreendedores", acrescenta André.
O representante da empresa afirma com exclusividade ao O POVO que mesmo com a complexidade da integração com o Grupo Simões, as projeções para o ano de 2022 são de manter a curva de crescimento registrada nos últimos anos. "Temos um crescimento expressivo, talvez com uma pequena desaceleração com relação a 2021, mas com relação ao fluxo de vendas, estimamos algo entre 9% e 11%", destaca.
Além dos produtos do portfólio da The Coca-Cola Company, a Solar dá prosseguimento à conquista de mercado no setor de bebidas alcoólicas e mira novas parcerias no setor, conforme revela André. O executivo detalha ainda que além das cervejas, o segmento de destilados tem sido um dos focos da empresa. A expansão da oferta de produtos de balas e gomas de mascar também está na mira da empresa.
"Queremos aproveitar a capilaridade para levar dentro do caminhão vermelho, outras categorias de produtos. Nós devemos avançar em outras parcerias em breve como forma oferecer para nossos clientes uma solução completa de entrega de produtos e oferecer a essas empresas acesso a melhor e maior rede de pontos de venda no País", argumenta.
Defendendo a sustentabilidade como algo "incorporado no DNA da empresa", André pontua que as ações de desenvolvimento sustentável também serão fortalecidas pela Solar ao longo do ano de 2022. Conforme o executivo, atualmente, 65% da energia usada pelas fábricas da empresa são de origem solar e eólica, com projeções de atingir uma matriz energética 100% renovável até o ano de 2027.
Outra ação destacada pelo executivo foi a adoção de tecnologias que permitem a redução do consumo de água nas operações, com redução de 30% do consumo nos últimos quatro anos. Além disso, o percentual de reciclagem do alumínio utilizado pela empresa chega a 97%.
"Com relação ao plástico das garrafas pet ainda estamos um pouco abaixo dos 60%, mas queremos melhorar isso. Estamos incentivando muitas iniciativas de reciclagem e viabilizando a construção de fábricas de resina reciclada para circulação dos engradados e já estamos discutindo utilizar plástico reciclando nas garrafas também", revela.
Ainda dentre das ações de sustentabilidade, há perspectiva de expansão das parcerias com entidades sociais locais e o instituto Coca-Cola para aumentar o número de beneficiários das ações de formação profissional para jovens em busca do primeiro emprego. "Já formamos 100 mil jovens, e conseguimos alocar 33 mil deles em postos de trabalho, o que é muito significativo. Com a pandemia, aprendemos muito o potencial de expandir essa ação com o ambiente online", complementa André.
O foco é ser uma referência ao mercado em todos os aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável, conforme finaliza o executivo.