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Com Selic em 10,75%, Brasil volta a ter juros de dois dígitos
Economia

Com Selic em 10,75%, Brasil volta a ter juros de dois dígitos

Essa é a 8ª elevação consecutiva, embora sinalização do Banco Central seja de promover altas futuras menores. Objetivo é conter inflação, mas reflexos impactam do crédito aos investimentos
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Com a alta da Selic, juros bancários tendem a subir (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Com a alta da Selic, juros bancários tendem a subir

Atualizado às 11h50min do dia 3/2/2022 para ajustar o histórico da Selic de 1996 a 2022

Após mais de quatro anos, a Selic (taxa básica de juros) ultrapassou ontem a casa dos dois dígitos e chegou a 10,75%, maior patamar desde maio de 2017. A decisão também colocou o País novamente como aquele em que se paga o maior juro real (ou seja, descontada a inflação), que ficou em 6,41%, entre as 40 principais economias mundiais.

A elevação de 1,5 ponto percentual, que já havia sido sinalizada no ano passado, foi confirmada em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), tendo por objetivo combater um processo inflacionário que fechou o ano passado também acima dos dois dígitos, mais precisamente 10,06%, quando considerado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Essa foi também a oitava alta consecutiva da Selic. A sequência abrupta de elevações interrompeu um ciclo anterior de reduções na taxa básica de juros, que há apenas um ano estava em 2%, o menor nível da história. A alta da Selic acaba tendo reflexos em todas as taxas bancárias e encarece o crédito. Essa é justamente uma estratégia para frear o consumo, um dos fatores que pressionam a inflação.

O superintendente da Assessoria Econômica da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, destaca que “o desafio de trazer a inflação corrente à meta ainda este ano é elevado. As expectativas estão desancoradas, não reagindo de forma significativa ao esforço de política monetária”, referindo-se às últimas decisões tomadas pelo Copom do BC. Ele disse acreditar que o aperto monetário deve ser mantido, embora em ritmo menos acentuado, “reduzindo o risco de comprometimento excessivo da atividade e da volatilidade no mercado futuro de taxa de juros de curto prazo”.

A propósito, o próprio Copom indicou na decisão de elevar a Selic em 1,5 ponto percentual pela terceira vez consecutiva, que deve promover altas menores nas próximas reuniões, embora enfatize que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço dos riscos e das projeções e expectativas de inflação”.

Quanto ao impacto nos investimentos, a diretora vogal do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE), Melissa Pinheiro, a alta é benéfica para quem vai aplicar em produtos de renda fixa atrelados ao CDI. Já para quem tem investimentos pré-fixados ou atrelados à inflação, é preciso analisar caso a caso”. Quanto à renda variável “há uma queda no preço de ativos afetados negativamente por altas taxas de juros”, explica.

Algumas entidades empresariais criticaram o atual ciclo de aumento da taxa básica de juros. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) divulgou nota avaliando que “o remédio da Selic não pode ser administrado em doses que sejam letais ao paciente, ou seja, aos setores produtivos e ao consumidor”.

Já uma comitiva de empresários capitaneada pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) foi à Brasília manifestar descontentamento com altas nas taxas de juros aplicadas também sobre financiamentos dos chamados Fundos Constitucionais.

A expectativa que foi criada ao longo do dia de ontem por uma nova alta da Selic também teve reflexos prévios. O dólar teve a primeira alta após quatro quedas seguidas, enquanto a bolsa de valores caiu 0,87%, em um dia de realização de lucros.

Histórico da Selic de 1996 a 2022

02/02/22__10,75%
08/12/21__9,25%
27/10/21__7,75%
22/09/21__6,25%
04/08/21__5,25%
16/06/21__4,25%
05/05/21__3,50%
17/03/21__2,75%
20/01/21__2,00%
09/12/20__2,00%
28/10/20__2,00%
16/09/20__2,00%
05/08/20__2,00%
17/06/20__2,25%
06/05/20__3,00%
18/03/20__3,75%
05/02/20__4,25%
11/12/19__4,50%
30/10/19__5,00%
18/09/19__5,50%
31/07/19__6,00%
19/06/19__6,50%
08/05/19__6,50%
20/03/19__6,50%
06/02/19__6,50%
12/12/18__6,50%
31/10/18__6,50%
19/09/18__6,50%
01/08/18__6,50%
20/06/18__6,50%
16/05/18__6,50%
21/03/18__6,50%
07/02/18__6,75%
06/12/17__7,00%
25/10/17__7,50%
06/09/17__8,25%
26/07/17__9,25%
31/05/17__10,25%
12/04/17__11,25%
22/02/17__12,25%
11/01/17__13,00%
30/11/16__13,75%
19/10/16__14,00%
31/08/16__14,25%
20/07/16__14,25%
08/06/16__14,25%
27/04/16__14,25%
02/03/16__14,25%
20/01/16__14,25%
25/11/15__14,25%
21/10/15__14,25%
02/09/15__14,25%
29/07/15__14,25%
03/06/15__13,75%
29/04/15__13,25%
04/03/15__12,75%
21/01/15__12,25%
03/12/14__11,75%
29/10/14__11,25%
03/09/14__11,00%
16/07/14__11,00%
28/05/14__11,00%
02/04/14__11,00%
26/02/14__10,75%
15/01/14__10,50%
27/11/13__10,00%
09/10/13__9,50%
28/08/13__9,00%
10/07/13__8,50%
29/05/13__8,00%
17/04/13__7,50%
06/03/13__7,25%
16/01/13__7,25%
28/11/12__7,25%
10/10/12__7,25%
29/08/12__7,50%
11/07/12__8,00%
30/05/12__8,50%
18/04/12__9,00%
07/03/12__9,75%
18/01/12__10,50%
30/11/11__11,00%
19/10/11__11,50%
31/08/11__12,00%
20/07/11__12,50%
08/06/11__12,25%
20/04/11__12,00%
02/03/11__11,75%
19/01/11__11,25%
08/12/10__10,75%
20/10/10__10,75%
01/09/10__10,75%
21/07/10__10,75%
09/06/10__10,25%
28/04/10__9,50%
17/03/10__8,75%
27/01/10__8,75%
09/12/09__8,75%
21/10/09__8,75%
02/09/09__8,75%
22/07/09__8,75%
10/06/09__9,25%
29/04/09__10,25%
11/03/09__11,25%
21/01/09__12,75%
10/12/08__13,75%
29/10/08__13,75%
10/09/08__13,75%
23/07/08__13,00%
04/06/08__12,25%
16/04/08__11,75%
05/03/08__11,25%
23/01/08__11,25%
05/12/07__11,25%
17/10/07__11,25%
05/09/07__11,25%
18/07/07__11,50%
06/06/07__12,00%
18/04/07__12,50%
07/03/07__12,75%
24/01/07__13,00%
29/11/06__13,25%
17/10/06__13,75%
30/08/06__14,25%
19/07/06__14,75%
31/05/06__15,25%
19/04/06__15,75%
08/03/06__16,50%
18/01/06__17,25%
14/12/05__18,00%
23/11/05__18,50%
19/10/05__19,00%
14/09/05__19,50%
17/08/05__19,75%
20/07/05__19,75%
15/06/05__19,75%
18/05/05__19,75%
20/04/05__19,50%
16/03/05__19,25%
16/02/05__18,75%
19/01/05__18,25%
15/12/04__17,75%
17/11/04__17,25%
19/10/04__16,75%
15/09/04__16,25%
18/08/04__16,00%
21/07/04__16,00%
16/06/04__16,00%
19/05/04__16,00%
14/04/04__16,00%
17/03/04__16,25%
18/02/04__16,50%
21/01/04__16,50%
17/12/03__16,50%
19/11/03__17,50%
22/10/03__19,00%
17/09/03__20,00%
20/08/03__22,00%
23/07/03__24,50%
18/06/03__26,00%
21/05/03__26,50%
23/04/03__26,50%
19/03/03__26,50%
19/02/03__26,50%
22/01/03__25,50%
18/12/02__25,00%
20/11/02__22,00%
22/10/02__21,00%
14/10/02__21,00%
18/09/02__18,00%
21/08/02__18,00%
17/07/02__18,00%
19/06/02__18,50%
22/05/02__18,50%
17/04/02__18,50%
20/03/02__18,50%
20/02/02__18,75%
23/01/02__19,00%
19/12/01__19,00%
21/11/01__19,00%
17/10/01__19,00%
19/09/01__19,00%
22/08/01__19,00%
18/07/01__19,00%
20/06/01__18,25%
23/05/01__16,75%
18/04/01__16,25%
21/03/01__15,75%
14/02/01__15,25%
17/01/01__15,25%
20/12/00__15,75%
22/11/00__16,50%
18/10/00__16,50%
20/09/00__16,50%
23/08/00__16,50%
19/07/00__16,50%
20/06/00__17,50%
24/05/00__18,50%
19/04/00__18,50%
22/03/00__19,00%
16/02/00__19,00%
19/01/00__19,00%
15/12/99__19,00%
10/11/99__19,00%
06/10/99__19,00%
22/09/99__19,00%
01/09/99__19,50%
28/07/99__19,50%
23/06/99__21,00%
19/05/99__23,50%
14/04/99__34,00%
04/03/99__45,00%
18/01/99__25,00%
16/12/98__29,00%
11/11/98__19,00%
07/10/98__19,00%
10/09/98__19,00%
02/09/98__19,00%
29/07/98__19,75%
24/06/98__21,00%
20/05/98__21,75%
15/04/98__23,25%
04/03/98__28,00%
28/01/98__34,50%
17/12/97__38,00%
19/11/97__2,90%
30/10/97__3,05%
22/10/97__1,00%
17/09/97__1,58%
20/08/97__1,58%
23/07/97__1,58%
18/06/97__1,58%
21/05/97__1,58%
16/04/97__1,58%
19/03/97__1,58%
19/02/97__1,62%
22/01/97__1,66%
18/12/96__1,70%
27/11/96__1,74%
23/10/96__1,78%
23/09/96__1,82%
21/08/96__1,88%
30/07/96__1,90%
26/06/96__1,90%

ENTENDA A ALTA DA SELIC

O que é a Taxa Selic

A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do País, afetando empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

Qual a origem do nome Selic

O nome da taxa Selic vem da sigla Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Tal sistema é uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo BC.


Quais são os efeitos esperados quando a taxa sobe

Bancos
Os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e em operações realizadas por meio de cartão de crédito, por exemplo, ficam mais caras. Isso desestimula o consumo, o que tende a favorecer a queda da inflação.

Consumo
Por outro lado, se tem menos gente consumindo, a economia tende a se recuperar mais devagar. Ou seja, a venda das empresas, a operação da indústria, a geração do emprego e da renda, tudo isso pode ser afetado.

Dólar
O aumento da Selic é positivo, no entanto, para atração de investimentos estrangeiros. Quem investe em títulos brasileiros ganha com os juros maiores, o que faz entrar mais dinheiro no país. Com isso, é esperado que o dólar caia.

Investimentos
A rentabilidade das aplicações de renda fixa, como a poupança, CDBs, LCI ou Tesouro Direto, ficam mais atrativas. Muitos desses papéis estão indexados à Selic (ou seja, vão render o valor da sua variação) ou estão vinculados ao Certificado de Depósitos Interbancários (CDI), que é a média da taxa de juros praticada pelos empréstimos feitos entre os próprios bancos.

Dívida Pública
Selic maior também contribui para o aumento do custo da dívida pública, uma vez que os títulos públicos comercializados pelo governo brasileiro são corrigidos pela Selic. Se a taxa sobe, o custo do endividamento público federal cresce junto.

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