Até o ano de 2025, a AES Brasil, multinacional do setor de energia, planeja investir aproximadamente R$ 3,47 bilhões em fontes renováveis na região Nordeste. Apenas em 2022, estão previstas a aplicação de R$ 464,6 milhões para expansão do complexo eólico Tucano, na Bahia, e investimento de R$ 1,6 bilhão, com mesmo propósito, no complexo eólico Cajuína, no Rio Grande do Norte.
O valor pode ser ampliado se o projeto de transporte de hidrogênio verde planejado pela empresa para o Ceará se concretizar. Se somados aplicações em modernização, manutenção e juros sobre os investimentos da empresa em todo o Brasil, até 2025, a multinacional projeta aplicar R$ 3,8 bilhões de capital no País.
Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil revela ao O POVO, com exclusividade, que além dos planos de já definidos, a companhia mantém estudos para ampliação dos investimentos no Ceará e define o Estado como local estratégico para o setor de energia renováveis. A empresa assinou ainda em dezembro de 2021 memorando de entendimento com o governo do Estado para realização de estudos com intuito de elaborar um projeto de exploração de hidrogênio verde mirando exportação do combustível sustentável para o mercado europeu.
Os investimentos feitos pela empresa na região serão progressivos. Em 2023 estão previstos alocação de R$ 442,1 milhões, no ano seguinte, o aporte previsto é de R$ 92,9 milhões e em 2025 será de R$ 108,2 milhões. "Temos um time de desenvolvimento de negócio buscando e trabalhando para encontrar o melhor projeto na melhor localidade sempre, e, sem dúvida, o Ceará é uma das melhores localidades", destaca Clarissa.
Os novos investimentos no Estado podem abranger novas usinas de produção de hidrogênio verde e plantas de geração de energia solar e eólica, conforme destaca Clarissa. "A produção do hidrogênio exige muita energia e energia limpa e novamente nesse potencial o Ceará é um destaque", reforça. A multinacional projeta aplicação de R$ 2 bilhões nos próximos cinco anos no desenvolvimento da cadeia de exploração do hidrogênio verde e coloca o Estado como um dos pontos centrais desses planos.
O foco da empresa nos próximos anos será a combinação crescente de matrizes energéticas limpas para oferta de energia no mercado livre nacional. No Nordeste, os principais compradores do setor alimentício, grandes varejistas, linhas de fabricação da indústria de plástico e têxtil. A criação de plantas de geração híbrida de energia deve ser um dos focos de novos investimentos no Ceará, afirma a porta-voz da empresa no Brasil.
"Estamos estudando e precisamos entender a regulamentação que a Aneel vai implementar para saber qual o benefício que teremos na operação conjunta. Mas isso sem dúvida deve gerar um benefício para o cliente, especialmente se tivermos redução de encargos", detalha.
O esforço governamental do Estado em fomentar novos investimentos no setor, especialmente com a consolidação do hub de hidrogênio verde, e a infraestrutura de exportação de energia montada no complexo do Pecém são diferençais atrativos para empresa alocar mais capital no Ceará, pontua Clarissa. A CEO destaca ainda que os estudos para instalação de parques eólicos offshore (em alto mar) deverá ter no Ceará um ponto central de desenvolvimento.
Além disso, a empresa mantém diálogos com o Banco do Nordeste e firma parcerias comerciais com outras empresas em atuação no Estado, como a Aerys Energy, produtora de pás eólicas, para expandir atuação na região. A companhia classifica o Ceará como uma "base de operações" para exploração do potencial energético do Nordeste.
Visando aproximar as ações da multinacional com o mercado regional, a empresa firmou parceria com a Tendência Energia para inauguração do primeiro escritório da assessoria de mercado no Ceará. O foco, conforme a empresa é "atender à crescente demanda dos pequenos e médios consumidores que desejam migrar para o mercado de livre energia na modalidade varejista na região".