O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou ontem que vai adotar medidas drásticas para conter a queda do rublo e reduzir impactos das sanções internacionais na economia.
Segundo decreto publicado no site do Kremlin, os residentes na Rússia ficarão proibidos de transferir dinheiro para o exterior a partir desta terça-feira, dia 1º. Além dessa primeira medida, os exportadores russos são obrigados, desde ontem, a converter em rublos 80% de sua receita em moeda estrangeira obtida desde 1º de janeiro.
Ontem, o rublo caiu a mínimas históricas desde a abertura das negociações na Bolsa de Moscou, e fechou negociado a 94,6 por dólar, frente a 83,5 antes da invasão à Ucrânia.
Para defender a economia e a moeda nacionais do impacto das sanções ocidentais, o Banco Central da Rússia anunciou também que elevará sua taxa básica de juros em 10,5 pontos percentuais, a 20%.
As sanções contra a Rússia aumentam a cada dia. Estados Unidos, União Europeia e outros países anunciaram, por exemplo, que irão excluir alguns bancos russos do sistema internacional de pagamentos bancários Swift e de qualquer transação com o Banco Central da Rússia. Também foram anunciadas medidas de represália comerciais, como o fechamento do espaço aéreo a aviões russos pela Europa.
Ontem, o Conselho Europeu informou ter acrescentado 26 pessoas e uma entidade à lista de pessoas, entidades e organismos sujeitos a medidas restritivas relacionadas a "ações que comprometam ou ameacem a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia".
E indústria frigorífica do Paraguai e seus compradores de carne russos concordaram em interromper as exportações para a Rússia "por precaução".
A TV russa exibiu imagens de uma reunião entre Putin, o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, o ministro das Finanças Anton Siluanov, a presidente do banco central russo, Elvira Nabiullina, e o diretor-geral do maior banco do país, Sberbank, para responder às sanções.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reconheceu um pouco antes que as sanções das potências ocidentais eram "duras" e representavam um "problema", mas que a Rússia tinha "todo o potencial necessário para compensar os danos". O Kremlin não anunciou nenhuma medida adicional em reação às sanções.
"As medidas tomadas reduzem a volatilidade", disse à AFP Alexei Vedev, analista do instituto econômico Gaïdar. "A incerteza é enorme e o banco central está agindo com razão", acrescentou.
Repercussão
Em uma reação rara, magnatas russos expressaram publicamente seu descontentamento. "É uma crise verdadeira e são necessários especialistas verdadeiros em crises. Deve-se mudar absolutamente de política econômica e pôr fim a todo esse capitalismo de Estado", publicou no aplicativo de mensagens Telegram, Oleg Deripaska, multimilionário criador da gigante do alumínio Rusal. Ele disse esperar do governo "esclarecimentos e comentários claros sobre a política econômica para os próximos três meses". (Com AFP)