O domínio do microcrédito orientado não satisfaz os objetivos do Banco do Nordeste, de acordo o presidente interino José Gomes da Costa, que revelou ter em mãos estudos do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), braço de pesquisa do BNB, números que apontam a possibilidade de crescer cerca de dez vezes mais.
"Considerando que, nas três regiões (metropolitanas, de Fortaleza, Salvador e Recife) temos o total de 368 mil clientes ativos de um mercado de 3.365.350 microempreendedores, obtém-se um percentual de aproximadamente 11% de microempreendedores que já são clientes do Crediamigo", informou o BNB em nota, detalhando as projeções do presidente.
Tomando apenas as três capitais comparadas por Costa, o Etene identifica 1,12 milhão de clientes em potencial para Fortaleza, que já possui 298 mil; 1,1 milhão para Salvador, que tem 25,5 mil clientes em carteira; e 1,15 milhão em Recife, onde o banco já conta com 43,7 mil clientes.
Medida para evitar fuga de clientes
Para alcançar esse mercado, o BNB precisa antes sanar uma fuga anual de 400 mil clientes do microcrédito. O motivo, segundo admite o presidente interino, está no tempo de atendimento na agência. Quando o microempreendedor eleva o faturamento, abre um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), sai do grupo solidário e passa a ter as tomadas de crédito controladas pelas agências do BNB.
O tempo de resposta de até 5 dias dado pelo agente de crédito aumenta para cerca de 45, e, segundo ele, é o motivo da perda de clientes, "que optam por ir aos bancos privados mesmo com juros bem maiores do que os nossos."
"Nós perdemos, todo ano, cerca de 400 mil clientes. É um universo gigante quando a gente imagina que o Crediamigo tem 2,5 milhões de clientes. Então, é quase 1/5 do Crediamigo que a gente perde e precisa estancar isso. A gente está fazendo gestões para que isso diminua. Ano passado já houve uma diminuição, caindo para algo em torno de 300 mil clientes. Esse ano, a gente espera de fechar sem perda", projeta.
Para isso, o presidente interino contou que colocou em prática um projeto piloto no Crato, no Cariri cearense. "Estamos fazendo um movimento para que esses empreendedores que começam a ter CNPJ sejam amparados pelo próprio microcrédito até ter uma envergadura maior para migrar para agência", disse.
A estratégia ainda deve diminuir o atendimento nas agências. Com isso, ele pretende aumentar a capacidade de atendimento do BNB em outras áreas de atuação.