Preocupado com a pressão inflacionária que deve causar o aumento de preços dos combustíveis, o Governo Federal trabalha para ter uma solução que diminua a pressão sobre os consumidores. Essa preocupação mudou discursos e a postura da União deve ser intervencionista, tanto que o presidente Jair Bolsonaro convocou o presidente da Petrobras para reunião ontem.
No entendimento do doutor em Economia e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Energia e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Canêdo, aumentos expressivos de preços dos combustíveis têm grande efeito negativo para os governantes. São catalisadores de crises.
Para reverter o cenário negativo, o remédio para essa crise deve gerar efeitos nas contas públicas. No governo Temer, na época da greve dos caminhoneiros, houve o subsídio ao diesel via orçamento. "Essa pressão não deixa confortável governo nenhum e o preço do petróleo atingiu um preço muito alto e como é ano de eleição aumenta a viabilidade de propostas políticas de subsídios aos combustíveis".
O professor lembra ainda da época do governo Dilma, quando a Petrobras segurou por muito tempo uma alta proporção de defasagem, enquanto manteve um plano ambicioso de investimentos, o que acabou aumentando muito o endividamento. Maurício ainda destaca que uma iniciativa como essa não seria mais possível devido aos novos mecanismos de compliance.
A solução mais factível ao governo seria adotar medidas orçamentárias para tentar diminuir o peso dos aumentos. A atual iniciativa, de postergar o aumento, esperando o conflito passar e o Brent cair no mercado pode ser considerada fracassada na medida em que a guerra se estende.
"Dependendo de quão "Kamikaze" for a proposta e o mercado entender isso como mais um episódio de fragilidade do panorama fiscal do País, pode ser um tiro saindo pela culatra", defende o professor.