Mesmo enfrentando uma série de desafios como o aumento da inflação e queda na demanda, o setor de comércio olha com expectativa para o futuro a partir da adaptação às novas tecnologias. Hoje, 80% dos pagamentos são por meio digital e a avaliação do setor é que "o comércio de Fortaleza está adaptado ao PIX."
A partir da operacionalização e uso por lojistas e clientes das novidades do mercado financeiro nacional, como Open Banking e Cadastro Positivo, o consumidor terá acesso a múltiplas soluções digitalizadas. Exemplo disso seria novas versões do já tradicional crediário com taxas reduzidas a partir do compartilhamento de dados de crédito bancário.
As análises fazem parte da fala do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Jr, em palestra para empresários na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza. Ele enfatiza que é momento dos empreendedores buscarem completar a adaptação ao PIX e começarem a desenvolver soluções possíveis a partir do Open Banking e Cadastro Positivo, seja para obter crédito, melhorar condições no relacionamento com fornecedores ou prestadores de serviço ou para aumentar relacionamento com clientes, ampliando suas possibilidades de pagamento.
Esse conceito já é visto na prática. De acordo com a CDL Fortaleza, aproximadamente 80% dos pagamentos já envolvem meios eletrônicos, seja por cartão ou PIX. Presidente da entidade, Assis Cavalcante enfatiza que a incidência de fraudes é quase nula e que os comércio já combinam as formas de pagamento por meio eletrônico. Por exemplo: Numa compra a prazo, o cliente pode dar uma entrada via PIX - livre do ônus do cartão - e parcelar o restante.
O próximo passo, segundo Assis, será no desenvolvimento de novos meios, como a revitalização da modalidade de crediário, agora mais digital e integrado com as diretrizes do Cadastro Positivo, com maiores possibilidades de ofertar melhores condições de taxas aos clientes com melhor score de crédito, o que dá mais segurança ao empresário.
"O comércio de Fortaleza está totalmente adaptado para receber pagamentos por PIX, é automático, já há confiança nesse modelo de operação. O dinheiro em papel sumiu. E as operações eletrônicas à vista são via PIX, o que também é muito bom para o lojista, que recebe na hora e sem taxas", afirma.
Sobre o crediário sob nova perspectiva, Assis diz que aos poucos vem sendo "ressuscitado", principalmente por conta da fidelização, com a manutenção do contato entre varejista e cliente. O que havia se perdido com a popularização dos pagamentos por cartão de crédito.
Esse processo de maior envolvimento dos consumidores com as novas plataformas de pagamento está sendo possível com a maior bancarização, que aumentou bastante entre os mais pobres por conta das novas ferramentas e, em especial, com a liberação do Auxílio Emergencial seguindo essa lógica. Aliado a esse processo a disponibilização das novas plataformas, tivemos uma modificação e descentralização na oferta de crédito.
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Esse processo também contribuiu para que as informações sobre os scores dos clientes fosse melhorada. O que resolve a problemática que fez com que o varejista abandonasse o crediário há alguns anos: o alto risco na oferta de condições de crédito. “Na hora que reduzimos esse risco, permitimos que mais players entrem e o retorno do varejista oferecendo crédito para sua carteira de clientes e virão mais agentes, como as fintechs, adentrando nesse mercado”.
“Quem ganha com isso é o cidadão brasileiro, o SPC Brasil como birô de crédito vê com bons olhos e essa transformação traz muitas oportunidades e o País precisa disso, apesar de todo cenário adverso por conta ainda da pandemia, economia mundial e consequências da guerra. Mas neste ponto específico, o Brasil pode ser invejado (por esse avanço na bancarização e oferta de facilitadores ao consumidor)”.
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