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Com Itataia e Hidrogênio Verde, Ceará mira em hub de fertilizantes
Economia

Com Itataia e Hidrogênio Verde, Ceará mira em hub de fertilizantes

|POTENCIAL| Expectativa se dá com cenário de inclusão da mina em plano nacional para reduzir dependência do insumo agrícola que o País tem em relação ao mercado internacional
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SEMINÁRIO Rota Ceará Vanguardas apontou potencialidades do agronegócio e energia (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita SEMINÁRIO Rota Ceará Vanguardas apontou potencialidades do agronegócio e energia

A recente inclusão da mina de Itataia, rica em urânio e fosfato, no Plano Nacional de Fertilizantes em conjunto com a expectativa de se produzir até 20 mil toneladas de amônia para abastecer a nascente cadeia de produção do hidrogênio verde (H2V) trazem nova perspectiva para criação de mais um hub no Ceará, envolvendo, exatamente, a produção de fertilizantes.

A declaração foi feita pelo consultor técnico executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet-CE), Constantino Frate, durante palestra no evento Rota Ceará Vanguardas, promovido pelo Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins do Estado do Ceará (Sindieventos-CE) e que contou com a parceria do Grupo de Comunicação O POVO.

Para Frate, “é natural se pensar nisso porque o hidrogênio verde para ser transportado ele tem que ser transformado em amônia e ela é matéria-prima para fertilizantes. Então, nada mais natural do que você aproveitar essa produção e direcionar parte dela para o mercado de fertilizantes. Se você considerar que o Ceará já vai produzir, na mina de Itataia, o fosfato, é absolutamente natural que se pense num hub de fertilizantes no Estado, uma vez que o fertilizante utilizado no agronegócio é uma mistura do nitrogênio, cuja fonte é a amônia, do fosfato, que vai ser produzido em Itataia, e do potássio”. A mina fica localizada no município de Santa Quitéria (a 222 km de Fortaleza).

Ele citou, durante a palestra, que a projeção mais conservadora de produção de amônia para suprir as necessidades da cadeia do hidrogênio verde até 2034 é de 20 mil toneladas por dia. “No Brasil, a Petrobras tem duas usinas que produzem cerca de 2.500 toneladas de amônia por dia para o mercado de fertilizantes, que atualmente é abastecido em 95% pela importação. Porém, somente com o volume potencial de produção de Itataia, nós teríamos o necessário para abastecer esse mercado nacionalmente”, estimou.

Também presente no evento, o presidente do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fernando Nunes, concordou que existe um potencial de produção de fertilizantes em larga escala no Ceará, associada ou não à cadeia do hidrogênio verde. “Claro que nada disso ocorre no curto prazo. A própria mina só deve estar em funcional em dois anos, a partir de quando estiver decidido. A produção de amônia com as empresas que vão se instalar, também deve acontecer em dois ou três anos, mas é uma grande oportunidade para o Brasil, que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo”, pontuou.

Enquanto se desenvolvem as primeiras ideias para implantação de um hub de fertilizantes no Estado avançam os entendimentos e pré-projetos de instalação do hub de hidrogênio verde. Um deles, está sendo encampado pela EDP Brasil. O gestor executivo da organização, Cayo Moraes, lembrou que com a implantação da primeira usina do insumo no Ceará, que também será a primeira do grupo, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), terá investimento de R$ 41,9 milhões.

“Ela contempla uma usina solar com capacidade de 3 MW e um módulo eletrolisador de última geração para produção do combustível com garantia de origem renovável. A unidade modular terá capacidade de produzir 250 Nm3/h do gás. Atualmente, estamos na fase de implementação da usina solar”, explica Moraes. Ele acrescenta que a EDP, de origem portuguesa, escolheu começar seus projetos de hidrogênio verde no Ceará devido a posição estratégica e abundância de energia no Estado.

Por sua vez, o coordenador do Núcleo de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Joaquim Rolim, destacou que o potencial de geração híbrida (eólica e solar), que é a mais adequada para a produção de hidrogênio verde no território cearense é de 137 GW. “A geração dessa energia híbrida, em um mesmo local, ainda tem a vantagem de reduzir os custos de produção desse hidrogênio”, concluiu.

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