A Transhydrogen Alliance, empresa holandesa que desenvolve um hub de amônia no Porto de Roterdã, planeja construir um parque de tancagem no Porto do Pecém para operar com combustíveis diversos, incluindo a própria amônia. O estudo de viabilidade econômica deve ser concluído até o fim de abril.
A informação foi confirmada pelo consultor técnico executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet-CE), Constantino Frate, durante palestra no evento Rota Ceará Vanguardas, promovido pelo Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins do Estado do Ceará (Sindieventos-CE). Vale lembrar que a produção e estocagem de amônia é a principal forma de viabilizar o transporte e comercialização do chamado hidrogênio verde (H2V).
No mês passado, conforme antecipou O POVO, o Complexo do Pecém e a Stolthaven Santos já haviam assinado um memorando de entendimento também para a construção de um parque de tancagem. Segundo Frate, “em relação à tancagem de amônia no Porto do Pecém, nós já temos um projeto em andamento, outro concluído e empresas, de porte mundial, interessadas em desenvolver essas tancagens, não só de amônia como de outros combustíveis. Eu não posso falar sobre essas outras empresas porque a maioria desses memorandos estão sob reserva”.
Falando especificamente da Transhydrogen Alliance, o consultor técnico executivo da Sedet-CE destacou que a empresa “conseguiu lá no Porto de Roterdã uma área de 24 hectares com a finalidade específica de se tornar um hub de amônia na Holanda”. Nesse cenário, ele defende que seja transferida a tancagem de combustíveis que é feita atualmente no Porto do Mucuripe para o Pecém. “Isso é um sonho antigo do Ceará, que sempre enfrentou dificuldade. Continua difícil fazer isso, mas agora estamos om todo impulso e energia para conseguir”, exaltou.
Durante o evento foram apresentados também alguns dados e informações referentes à infraestrutura atual e potencial, não apenas do Ceará, mas também do Brasil, para receber projetos ligados às cadeias produtivas de hidrogênio verde, de fertilizantes e de energias renováveis, incluindo parques offshore (construídos no mar). No caso da tecnologia para geração de energia eólica, por exemplo, foi destacado o fato de que os 45 projetos de parques offshore em processo de licenciamento ambiental no País somam 106GW de potência, dos quais 23GW se referem a projetos previstos para serem instalados no Ceará. Apenas o mais recentemente anunciado, da TotalEnergies, tem 3GW de potência estimada.
Para Joaquim Rolim, coordenador do Núcleo de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o Estado "é o berço das energias renováveis no Brasil”. Ele destacou que 48,5% da energia gerada de forma centralizada no território cearense tem origem eólica e outros 9,7% em energia solar.
Rolim pontuou, por fim, o impacto social e econômico que a instalação desse tipo de projeto tem nos municípios em que são implantados, que experimentam um incremento de aproximadamente 20% em seus respectivos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produtos Internos Brutos (PIB).