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Com aquecimento da economia, Ceará eleva em 123,3% volume de importações
Economia

Com aquecimento da economia, Ceará eleva em 123,3% volume de importações

| RETOMADA| No acumulado até fevereiro deste ano, foram importados mais de US$ 1 bilhão em produtos, segundo dados do Ministério do Comércio Exterior
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Em novembro do ano passado, o Governo já havia anunciado a redução em 10% das alíquotas de 87% da pauta comercial (Foto: TIAGO STILLE/ GOV. DO CEARA)
Foto: TIAGO STILLE/ GOV. DO CEARA Em novembro do ano passado, o Governo já havia anunciado a redução em 10% das alíquotas de 87% da pauta comercial

As exportações e as importações realizadas pelo Ceará no primeiro bimestre de 2022 mostram um aquecimento na balança do comércio exterior local. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), no acumulado até fevereiro deste ano, as importações chegaram a US$1.002,70 bilhão. Alta de 123,3% ante igual período do ano passado.


Com este resultado, alcança a 11º no Ranking de Importações do País. Elas foram impulsionadas, basicamente, por combustíveis, carvão e trigo. Na parte de importações, Fortaleza importa 36% do total importado pelo estado. Os produtos são enviados de diferentes países, entre eles China, Estados Unidos, Emirados Árabes, Índia, Colômbia, Argentina e Rússia.


Segundo Ricardo Pinheiro, engenheiro de petróleo e consultor de energias, está havendo uma retomada na economia e, por consequência, um aumento, por exemplo, no consumo de combustíveis. "No momento temos uma limitação na capacidade interna de atendimento pela Petrobras e para retomada da economia, com evolução gradual do mercado interno, e a saída é a importação para atender essa demanda."

A maior parte do diesel, da gasolina e do querosene de avião vêm dos Estados Unidos que é um forte produtor mundial. Como a Petrobras tem mantido a produção em cerca de 70% há alguns anos e não tem investido em novas refinarias para ampliar a capacidade, essa demanda foi delegada ao mercado, a outros importadores, a aquisição desse acréscimo de consumo.

"O Brasil estacionou a sua produção interna de derivados. Essa queda de produção vem desde o governo do ex-presidente Michel Temer. O acréscimo de demanda é atendido e gera um risco de desabastecimento. Todo o aumento no preço do petróleo foi atribuído à guerra da Rússia, mas na verdade foi um nivelamento do preço do mercado internacional. Para dar a paridade de preço da importação", analisa Pinheiro.

Principais produtos da pauta

Dos produtos importados em primeiro lugar estão óleos combustíveis de petróleo ou minerais betuminosos, exceto óleos brutos com 27% de participação. Em seguida vem o gás natural, liquefeito ou não (15%); carvão mesmo em pó, mas não aglomerado (10%); veios de transmissão e manivelas, engrenagens, rodas de fricção, volantes, polias, embreagens, elos articulados e suas partes (4,9%); e composto organo-inorgânico, compostos heterocíclicos, ácidos nucléicos e seus sais e sulfonamidas (4,0%).

Já as exportações no acumulado até fevereiro deste ano tiveram alta de 62,3%, se comparada a igual período de 2021. O que representa US$ 387,60 milhões e a 15ª posição no ranking de exportação do País.
A gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Karina Frota, informa que as saídas de produtos cearenses seguem tracionadas pelas vendas de produtos das indústrias siderúrgicas.

Somente o município de São Gonçalo do Amarante, onde está instalado o Complexo do Pecém (CIPP), corresponde a mais de 50% das exportações. "Foram exportados mais de 660 tipos de produtos do Ceará. Podemos destacar, também, o setor calçadista, que registrou variação positiva. Estados Unidos segue como principal destino", observa.

Do total, 49% se refere a produtos semi-acabados, lingotes e outras formas primárias de minério e aço; seguidos por calçados (16%); frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (6,9%); demais produtos da indústria de transformação (4,3%); e outras gorduras e óleos vegetais ou animais, processados, ceras, misturas ou preparações não alimentícias (3,2%).

Entre os destinos dos produtos cearenses estão EUA, México, Espanha, Turquia e Alemanha. As exportações seguem principalmente via modal marítimo.

 

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Parcerias com a China são renovadas e miram novas economias

Em comemoração aos 20 anos de parcerias entre o Governo do Ceará e a Província de Fujian, na China, foi assinado, em reunião on-line, no Palácio da Abolição, o Memorando de Entendimento sobre o estabelecimento da Parceria da Rota da Seda. A província é ponto de partida da rota há pelo menos 2000 anos e faz parte da maior rede comercial que interligou o mundo antigo e continua até hoje.

O secretário para Assuntos Internacionais do Governo do Ceará, César Ribeiro, destaca que a China é uma importante parceira do Ceará e a província de Fujian foi uma das responsáveis pela intensificação das relações entre o Estado e o país asiático. Sobre a assinatura, Ribeiro destaca que as possibilidades de parcerias se ampliam ainda mais, uma vez que o Estado potencializou nos últimos sete anos sua estrutura e ambiência estratégica para receber investimentos internacionais.

Na agenda foram discutidas oportunidades em diversos setores como economia digital, internet das coisas, inteligência artificial, conexões entre portos, logística, energia verde e educação. Outro ponto de destaque é fortalecer o livre fluxo do comércio, incentivando empresas a investir e estabelecer negócios de forma recíproca. Além de acelerar a conectividade de infraestruturas, promover intercâmbios culturais e intensificar diálogos governamentais.

"Ceará e Fujian têm muitas similaridades e por isso podem caminhar juntos. Assim como Fujian, o Ceará também é um pólo inovador no país, somos referência no desenvolvimento das energias renováveis, principalmente eólica, temos uma zona de livre exportação em pleno desenvolvimento e uma estrutura portuária muito bem desenvolvida. São muitas oportunidades", analisa. Além disso, existem outras cooperações entre Ceará e Fujian em fase de desenvolvimento nas áreas da educação superior e saúde.

Nos dois últimos anos, o Governo do Ceará recebeu doações de equipamentos de proteção individual (EPIs) e testes para detecção de Covid-19 da província de Fujian e do Consulado Geral da China em Recife.

 

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Governo estuda escritórios no exterior

O titular da Secretaria Executiva de Regionalização e Modernização do Governo do Ceará, Célio Fernando Bezerra Melo, informou que na reunião realizada na semana passada entre representantes do Estado com a Câmara Brasil Portugal para debate sobre as estratégias do Ceará para internacionalização e atração de investimentos estrangeiros houve um convite para o Estado ter um escritório em Portugal.

"É interessante. Na minha opinião é um avanço fazermos esta agenda. Como vantagens teríamos um ponto de promoção e reuniões para realização de rodadas de negócios. Ajudaria muito, pelo menos um contato presencial, na conversa com países da Europa. O estado de São Paulo já desenvolveu quatro. É natural que a gente siga algo parecido."

A vontade do Ceará de ter um ou mais pontos distribuídos em países de interesse já tinha sido ventilada na gestão do ex-governador Camilo Santana e, agora, ficará a cargo da atual governadora Izolda Cela um avanço nesse sentido.

De acordo com o secretário de Relações Internacionais do Governo do Ceará, César Ribeiro, esse é um processo que vem sendo construído nos últimos sete anos. "Avalio que este processo se encontra em construção, mas é bem maduro com frentes mais estruturadas e estratégicas."

E que a possibilidade de ter escritórios e representações em pontos estratégicos está no radar da governadora. "Se tiver o entendimento vamos formatar o projeto e seguir para uma avaliação jurídica, definição de finalidade e conversas com federações de indústrias."

 

ALTA

Representando 27% da pauta de importações do Estado, os óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos movimentaram US$ 272 milhões no acumulado deste ano até fevereiro. Alta de 463% ante igual período de 2021

 

Exportação

Em 2022, no acumulado até fevereiro, o Ceará exportou US$ 2,22 milhões para Portugal. Aumento de 80,2%, ante igual período de 2021.

 

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