Termina na próxima quarta-feira, 20 de abril, as negociações para a compra integral das ações da Oi móvel. A informação foi revelada ao mercado pelas compradoras da empresa, Vivo, Tim e Claro.
A negociação durou cerca de dois anos entre o anúncio de recuperação judicial da Oi, as ofertas iniciais das demais empresas de telecomunicações com atuação em todo território nacional e o julgamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
"Com a efetiva conclusão da Transação, ficará definido um novo equilíbrio de infraestrutura entre as três
principais concorrentes do setor, mantendo um alto grau de rivalidade setorial, trazendo benefícios amplos
aos consumidores e garantindo os investimentos necessários para o desenvolvimento do setor de
telecomunicações e o avanço digital do país", argumenta a Tim em comunicado ao mercado.
No documento, a empresa destaca ainda que realizará "em breve" uma teleconferência para detalhar ao mercado e aos investidores os próximos passos de integração da infraestrutura da Oi nos negócios da Tim.
O mesmo procedimento será operacionalizado pela Telefônica Brasil, detentora da marca Vivo. Em comunicado próprio ao mercado, a companhia pontua que o encerramento da transação de compra dos ativos da Oi irá acelerar o "crescimento e geração de eficiências em virtude de sinergias operacionais". O valor esperado por tais sinergias ainda não foi revelado.
A empresa argumenta também que a negociação irá gerar benefícios ao setor de telecomunicação no Brasil diante do esforço conjunto das compradoras dos ativos da Oi em investir em "inovação tecnológica" na infraestrutura adquirida e para aumentar a competitividade entre as demais titulares das ações da Oi.
A Claro, até o momento de publicação desta matéria, não emitiu um comunicado ao mercado sobre o tema.
A Anatel e o Cade aprovaram a divisão da Oi Móvel em três Sociedades de Propósito Específico (SPE), cada uma correspondente à uma compradora: Cozani (SPE TIM), Garliava (SPE Telefônica/Vivo) e Jonava (SPE Claro).
As SPEs Móveis serão incorporadas por cada operadora em um prazo de 18 meses.
Além disso, a base de clientes da Oi Móvel em cada área de registro (DDD) foi atribuída à compradora que possuísse a menor participação de mercado, em março de 2020.
A divisão de DDDs ficou assim:
TIM ficou com 29 áreas de registro: 11, 16, 19, 21, 22, 24, 32, 51, 53, 54, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 73, 75, 89, 93, 94, 95, 96, 97, 99, 99
Claro ficou com 27 áreas de registro: 13, 14, 15, 17, 18, 27, 28, 31, 33, 34, 35, 37, 38, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 71, 74, 77, 79, 87, 91, 92
Telefônica/Vivo ficou com 11 áreas de registro: 12, 41, 42, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 98
As alterações na liderança dos DDDs ocorrerão principalmente nas regiões em que a Oi Móvel era líder:
A Vivo, que foi a última operadora a entrar no Nordeste, passará a ser a líder nos DDDs 81 (Recife), 82 (Maceió), 83 (João Pessoa), 84 (Natal), 85 (Fortaleza) e 98 (São Luís).
A Claro passará a liderar nos DDDs 71 (Salvador), 87 (Petrolina), 91 (Belém) e 92 (Manaus).
A TIM assumirá a liderança no DDDs 73 (Ilhéus), 74 (Juazeiro), 75 (Feira de Santana) e 99 (Imperatriz).
De modo a preservar os direitos dos consumidores, a Anatel determinou que as compradoras apresentem plano de comunicação que aborde, expressamente, as seguintes questões:
A anuência prévia concedida pela Anatel determinou, ainda, que as compradoras negociem com a Oi um acordo para garantir a manutenção e a continuidade dos serviços móveis prestados na Estação Antártica Comandante Ferraz.
Com isso, para a realização das operações, a Anatel exige que as compradoras demonstrem regularidade fiscal, recolhimento do preço público e apresentação de Plano de Transferência de Recursos de Numeração, de acordos e compromissos que viabilizem o atendimento do Plano Geral de Metas para a Universalização (PGMU IV) e das garantias referentes aos compromissos de abrangência ainda pendentes de atendimento.
Além disso, eventuais sobreposições entre autorizações do Serviço Móvel Pessoal (SMP, a telefonia móvel) devem ser eliminadas em até 18 meses.