"A gente não imagina conceber uma rodovia como a CE-155, do porte dela, para receber grande volume de tráfego, sem que ela tenha o mínimo do mínimo de infraestrutura de drenagem", avalia o professor Heber Oliveira, do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), sobre o estado da via de acesso ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Para ele, "culpar a chuva é fácil", pois existem exemplos "no mundo todo, talvez em mais adversas situações do que a nossa", com chuvas praticamente o ano inteiro, e que não tem grandes problemas.
E ele frisa que esse caso não é apenas na CE-155, mas em "muitas outras rodovias" do Brasil. "Tem muita carência de projetos de drenagem. Você tem rodovia importante que não tem o mínimo de bueiros, de sarjetas, de descidas d'águas e, quando tem, muitas vezes elas estão subdimensionadas ou elas estão mal mantidas, porque você tem ali entupimentos de bueiro, você tem ali bueiros quebrados, bueiros que estão assoreados e aí acaba que esses dispositivos não servem", detalha.
O especialista reforça ainda que uma rodovia nunca apresenta problema da noite para o dia e vão aparecendo em forma de trincamentos, desagregações, que podem ser "corrigidos em momento oportuno".
"Esse atoleiro na CE-155 vem de problemas que se acumularam ao longo do tempo, que não fizeram intervenção. É manutenção no tempo apropriado", ressalva.
Heber acrescenta que a falta de drenagem é um dos aspectos, pois também deve-se olhar para o projeto em si, a questão da execução, dos materiais que foram utilizados. "O maior problema nosso, mais especificamente aqui para o Ceará é a ausência de uma política de manutenção das malhas. Geralmente a ação do estado é muito mais no sentido reativo. Os estudos mostram que se deixar de fazer a intervenção agora, esse pouco depois pode representar custos da ordem de quatro a cinco vezes."