Logo O POVO+
Taxa média de juros para pessoa física é a mais alta desde 2019
Economia

Taxa média de juros para pessoa física é a mais alta desde 2019

|115,81% ao ano| Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) aponta ainda que, em abril, houve alta em todas as linhas pesquisadas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
OS JUROS mais caros seguem sendo os do cartão de crédito que chegam a 13,68% ao mês e 365,81% ao ano (Foto: Aurelio Alves/O POVO).)
Foto: Aurelio Alves/O POVO). OS JUROS mais caros seguem sendo os do cartão de crédito que chegam a 13,68% ao mês e 365,81% ao ano

A taxa média de juros no Brasil para a pessoa física chegou a 6,62% ao mês e 115,81% ao ano em abril, o maior patamar desde agosto de 2019, acompanhando a sequência de elevações da taxa Selic, promovidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Há um ano, esse índice era 19,1 pontos percentuais menor: 96,1% ao ano. Vale lembrar que no último dia 4 de maio, a Selic foi reajustada em 1 ponto percentual e chegou a 12,75%.

Os resultados constam de pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) sobre tais indicadores. Todas as linhas de crédito pesquisadas apresentaram alta no último mês. Os juros mais caros seguem sendo os do cartão de crédito que chegam a 13,68% ao mês e 365,81% ao ano. Isso significa que se você tiver contraído uma dívida de R$ 100 em abril e deixar de pagá-la estará devendo R$ 465,81 daqui a 12 meses.

Juros acima dos 100% ao ano também são verificados no cheque especial (148,76%) e nos empréstimos pessoais solicitados juntos às financeiras (126,74%). Apesar disso, a maior variação na comparação com o mês imediatamente anterior foi registrada nos empréstimos pessoais solicitados junto aos bancos, que subiram 1,04% em relação a março. A menor variação, por outro lado, foi verificada nos juros do comércio (0,58%) reflexo, segundo analistas, da retração no consumo observada em 2022.

Para o diretor executivo de estudos e pesquisas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, além da tendência de que a política de aumentar a Selic (considerada a taxa básica de juros e parâmetro para as demais) a fim de conter a inflação seja mantida, existem outras razões que explicam essa nova alta. Entre elas, o aumento dos juros futuros e a perspectiva da elevação dos índices de inadimplência. “Tendo em vista a piora do cenário econômico, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito continuem subindo”, projeta.

Já o economista Wandemberg Almeida, que integra o Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) explica que, embora a elevação das taxas de juros gere um ciclo vicioso de aumento da inadimplência, uma vez que o consumidor com queda do poder aquisitivo corre mais risco de se endividar, esse mecanismo é utilizado pelas instituições financeiras, de um modo geral, para preservar suas respectivas margens de lucro. “Infelizmente, esse tipo de ferramenta que é a elevação de juros acaba girando essa roda da inadimplência, mas, do ponto de vista da instituição que empresta dinheiro, essa é um forma de recuperar os seus ganhos mais rapidamente”, explica.

“Ela cobra um crédito mais caro para poder recuperar o valor emprestado em três ou quatro prestações. Caso o consumidor não tenha como pagar mais na frente, os juros que incidiram no primeiro momento cobrem o valor devido e o que vier a ser pago depois é lucro, explica”, complementa. Para o conselheiro do Corecon-CE, nesse cenário o consumidor deve utilizar o crédito de forma mais consciente. “Não adianta ele pegar o empréstimo pra poder fazer novas dívidas. É preciso quitar aquelas dívidas já existentes recorrendo a linhas de crédito com taxa de juros menores”, adverte.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças do Ceará (IBEF-CE), Ênio Arêa Leão, é até mais incisivo quanto à utilização dessas linhas de crédito com juros na casa dos três dígitos ao ano. Ele enfatiza que "não são linhas de crédito que ajudam. Na verdade, elas dificultam a saída da inadimplência e são altas pela insegurança jurídica no País. A recomendação que eu posso dar é: não as use!" 

Fugindo dos juros altos

"Não são linhas de crédito que ajudam. Na verdade, elas dificultam a saída da inadimplência e são altas pela insegurança jurídica no País. A recomendação que eu posso dar é: não as use!"

Ênio Arêa Leão                                                                                                              Vice-presidente do Ibef-CE

Empresas

A taxa média de juros para pessoa jurídica apresentou uma elevação de 0,06 ponto percentual no mês e de 1,08 ponto percentual no ano. Em abril, atingiu média de 55,37% ao ano, a maior desde julho de 2018

O que você achou desse conteúdo?