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Itens de café da manhã têm variação de preços de até 1.395% em Fortaleza
Economia

Itens de café da manhã têm variação de preços de até 1.395% em Fortaleza

Procon Fortaleza| Flutuação dos preços internacionais do trigo e de outros gêneros e as diferenças de estoque entre os estabelecimentos explicam disparidade de preços
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O pão carioquinha é um dos itens que apresenta variação de preços acima de 100% entre as padarias de Fortaleza, com preço médio de R$ 16,23 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS O pão carioquinha é um dos itens que apresenta variação de preços acima de 100% entre as padarias de Fortaleza, com preço médio de R$ 16,23

Se você costuma consumir salada de frutas no café da manhã pode pagar quase 15 vezes mais caro (ou 1.395%) a depender da padaria que escolha na Capital cearense. Já se optar por incluir um bom pão de queijo no cardápio pode desembolsar aproximadamente 10 vezes mais (899%). O próprio cafezinho pode custar 5 vezes mais (400%), assim como o achocolatado. Essas variações constam da mais recente pesquisa do Procon Fortaleza, que envolveu 25 produtos do gênero em estabelecimentos de 12 bairros.

Além das variações nos preços específicos de cada item que compõe o café da manhã, o levantamento do Procon Fortaleza também verificou diferenças significativas nos combos (ou kits) relacionados à primeira refeição do dia. Uma tapioca com manteiga e café com leite pode custar de R$ 4,50 a R$ 15,25 (variação de 239%). Já o misto quente acompanhado da mesma bebida pode ser encontrado com valores entre R$ 6,50 e R$ 18,50 (variação de 185%). Por sua vez, uma refeição simples que inclua pão na chapa, café e leite vale de R$ 4,00 a R$ 10,50 (variação de 163%).

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Embora as diferenças de preços nesses itens sempre tenham existido, elas foram acentuadas este ano por conta da grande flutuação dos preços do trigo e de outros gêneros alimentícios, bem como pelas diferenças de estoque entre os estabelecimentos. O cenário ficou ainda mais incerto para o setor com a guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada no fim de fevereiro, dois grandes produtores mundiais de grãos, fertilizantes, gás natural e petróleo, insumos que impactam no preço de diversas mercadorias e serviços, incluindo o tradicional café com pão.

Nesse sentido, o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, afirma que muitos estabelecimentos e fornecedores têm buscado antecipar compras na tentativa de minimizar esses reflexos. “Na realidade, muitas entregas programadas de mercadorias vindas do Exterior não foram realizadas ainda. Muitos têm tentado realizar compras com ainda mais antecedência e evitado ao máximo repassar os aumentos para o consumidor, mas o preço internacional do trigo, por exemplo, subiu 40% e fica impossível segurar”, diz.

O economista Alex Araújo explica que essa conjuntura, que fez o preço internacional do café subir mais de 70% “fez com que se amplificassem essas diferenças de preços que já existiam. Então, dependendo do tamanho do estabelecimento e da formação de estoque que ele tenha, esse aumento é repassado de forma distinta”. Ele lembra que, além dos compradores particulares como padarias, supermercados e indústrias, os próprios países passaram a comprar gêneros alimentícios para manter estoques reguladores que foram utilizados para minimizar os impactos do período inicial da pandemia de Covid-19.

Embora o impacto do aumento e da variação dos preços dos itens de café da manhã atinja de forma global diferentes países, estabelecimentos e consumidores, são as pessoas de renda mais baixa as que mais sofrem com o fenômeno. “Hoje você tem um problema social porque para as famílias mais pobres virou um grande esforço conseguir equalizar o orçamento e fazer caber nele o custo da alimentação. O próprio pãozinho é um exemplo disso porque produtos substitutos, como a tapioca, dependem muito da oferta local e os insumos para produzi-los também não estão baratos”, conclui Araújo.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 18-05-2022: O encarecimento dos itens do café da manhã nas padarias. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 18-05-2022: O encarecimento dos itens do café da manhã nas padarias. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Cafeterias têm buscado diversificação contra crise

Além de serem bastante consumidos em padarias convencionais e em supermercados, os itens de café da manhã são a base de muitos estabelecimentos da chamada alimentação fora do lar, notadamente as cafeterias, que têm se popularizado em Fortaleza nas últimas décadas.

Assim, o impacto dos aumentos de produtos como o trigo, além de insumos como combustíveis e energia elétrica também tem afetado diretamente esse tipo de negócio, que já vinha sofrendo com as restrições impostas nos dois anos anteriores para a contenção da pandemia de Covid-19.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto, observa que uma das apostas de tais estabelecimentos para fazer frente a crise tem sido a diversificação.

"Tenho visto muitas cafeterias e padarias trabalhando com pratos executivos para o almoço. Está começando a chegar cada vez mais investimento no lanche da tarde. Então, eu acho que a variedade é a chave que todo mundo está procurando para fugir do aumento de insumos específicos como o pão e o café", exemplifica.

 

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