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Centro de Transição Energética deve atrair novos investimentos para o Ceará
Economia

Centro de Transição Energética deve atrair novos investimentos para o Ceará

Em estrutura de 15 mil hectares na Barra do Ceará, equipamento terá cursos de formação e treinamentos com empresas parceiras; iniciativa da Fiec com Sesi e Senai nasce no mesmo período em que o governo institui o Plano Estadual de Transição Energética
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A empresa Aerys fará a doação de uma pá eólica para os cursos de manutenção/reparação de pás (Foto: Arquivo Aeris Energy/Divulgação)
Foto: Arquivo Aeris Energy/Divulgação A empresa Aerys fará a doação de uma pá eólica para os cursos de manutenção/reparação de pás

Com o objetivo de contribuir com a produção de energia limpa em território cearense por meio da formação de profissionais para o novo mercado de trabalho que surge no Ceará com energia eólica, solar e de hidrogênio verde, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em parceria com Sesi (Serviço Social da Indústria) e Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), lançou, ontem, 23, o Centro de Excelência de Transição Energética. Expectativa do setor é que o equipamento sirva de atração de novos empreendimentos em energia.

A estrutura, que terá como sede a unidade do Sesi e Senai na Barra do Ceará, em Fortaleza, também deve abrigar as empresas parceiras Aeris Energy, Maersk Training e GIZ (Agencia de Cooperação Alemã), que integram o projeto com a doação de equipamentos a serem utilizados nas ações de formação, qualificação e treinamento sobre energias renováveis do Centro.

A empresa Aerys fará a doação de uma pá eólica para os cursos de manutenção/reparação de pás; já a Maersk Training entrará com a oferta de cursos de energia eólica no padrão da Global Wind Organisation (GWO); e a GIZ participará com a cessão de equipamentos para os laboratórios de H2V, além de treinamento para os professores.

O equipamento funcionará em uma área de 15 mil hectares dividida em três blocos: 1) Geral e Administrativo – laboratórios da automotiva, eletrotécnica, transversais (TI, Gestão) e ala administrativa; 2) Energia – laboratórios de energia fotovoltaica, geração, transmissão e distribuição de energia e a Escola de Energia Renovável; 3) Centro de Treinamento Avançado (CTA), parceria com Enel.

Para o diretor regional do Senai Ceará e superintendente do Sesi Ceará, Paulo André Holanda, com a instalação do Centro de Excelência de Transição Energética, “a Fiec tem um protagonismo importante na atração de indústrias, principalmente de hidrogênio verde”.

“Fomos capacitados por profissionais e vamos ofertar cursos importantes como o de reparador de pás, que tem uma demanda aqui reprimida. E com a GIZ, parceiro antigo nosso, estamos com duas grandes ações: o Centro de Excelência em Energia Sustentável, e o programa H2 Brasil, de nível nacional, em que seis estados vão passar por uma capacitação de formação de docentes aqui no Senai da Barra”, informa.

Entre os estados que foram contemplados com o programa H2 Brasil, além do Ceará, estão Rio Grande do Norte (RN), Bahia (BA), Paraná (PR), Santa Catarina (SC) e São Paulo (SP).

“A expectativa é a melhor possível, nós temos uma área de 15 mil hectares que a gente vai poder abrir para a sociedade, para a população, essas capacitações tão importantes para energias renováveis e também voltadas para o H2V. É um marco histórico, um centro que vai interligar com as instituições de ensino, o Governo do Estado e principalmente com essas grandes indústrias, empresas globais que vão nessa parceria importante a gente poder dar uma capacitação profissional de qualidade”, diz Holanda.

Luis Carlos Queiroz, presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), acredita que a perspectiva de capacitação e infraestrutura fará do Centro de Transição Energética um dos novos espaços para prospecção de investimentos no Estado.

“Nós estamos realmente em um momento muito estratégico, com treinamentos e capacitação de pessoas para viver esse novo nível global, nacional e estadual da economia. Vemos como uma posição muito estratégica que ocupa o Ceará nesse projeto de energia limpa através do eólico, solar e agora com o cenário do hidrogênio verde”, comenta.

Na opinião do presidente do Sindienergia-CE, o projeto deve “contribuir para atração de novas empresas”: “estamos preparando mão de obra qualificada, a meta de qualificar profissionais é um passo muito importante que o estado está dando, como sempre na vanguarda dos estados do Brasil. O desenvolvimento passa muitas vezes passa por um momento de boa vontade, e agora é esse momento”.

Ceará Verde

A iniciativa nasce no mesmo período em que o governo estadual instituiu o Plano Estadual de Transição Energética, que busca apoiar o desenvolvimento científico-tecnológico associado à produção, processamento e utilização de energias renováveis no Estado, a fim de fortalecer a matriz energética de baixo carbono no Ceará como instrumento de desenvolvimento social, econômico e ambiental.

Batizado de Ceará Verde, o projeto também visa incentivar a implantação de novos empreendimentos que produzam energia limpa, o estabelecimento de um ambiente de negócios seguro e competitivo, bem como a redução da pobreza e geração de emprego e renda em território cearense.

Além disso, o plano estadual surge como instrumento de desenvolvimento social, econômico e ambiental, parte do processo de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas globais.

H2V e a virada da matriz energética

No evento de lançamento do Centro de Excelência de Transição Energética, na sede da Fiec, foram abordadas as potencialidades do Ceará na futura mudança de matriz energética do Brasil e do mundo, com foco no hub de hidrogênio verde, já que o Estado é hoje uma das principais referências para a produção desse novo combustível limpo.

O montante de investimentos nos projetos de solução limpa com o H2V já supera R$ 100 bilhões, com empresas instaladas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIP) e em outras regiões do Ceará. Dezessete protocolos com grandes companhias globais já foram assinados – Fortescue Rescue, Enegix Energy, Grupo Linde, Qair, o consórcio holandês Transhydrogen Alliance, Nexway, Energy Vault são algumas delas.

Os dois últimos memorandos de entendimento com empresas interessadas em se instalar no Pecém para produzir esse tipo de energia foram assinados no final do mês de abril pela governadora do Ceará, Izolda Cela (PDT), com a empresa Nexway.

*Colaborou o repórter Alan Magno

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