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Por meio da educação, projetos mudam o ciclo e devolvem saúde menstrual a jovens e adultas
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Por meio da educação, projetos mudam o ciclo e devolvem saúde menstrual a jovens e adultas

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MELRY Sousa realiza palestras educativas e ações de distribuição de absorventes no bairro de Vila Velha (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS MELRY Sousa realiza palestras educativas e ações de distribuição de absorventes no bairro de Vila Velha

"A pobreza menstrual é uma realidade dura, porque no dia a dia a dificuldade entre se alimentar ou comprar um simples absorvente continua", evidencia a líder comunitária Melry Sousa, do bairro Vila Velha. Ela trabalha como zeladora e dedica suas horas livres para levar palestras educativas e ações de distribuição de absorventes à comunidade.

"A comunidade é muito leiga e carente de tudo. Existe uma dificuldade grande das jovens em relação a esse assunto, muitas adolescentes foram e são mães muito novas e despreparadas. Elas não tiveram orientação e não orientam suas filhas", revela.

Para as ações, Melry conta com a ajuda de projetos como o Deixa Fluir, uma iniciativa voluntária que promove campanhas de arrecadação e distribuição de itens de higiene pessoal a pessoas em situação de vulnerabilidade, além de palestras e ações de cunho educativo.

Dona Artunilta, de 61 anos, levou a neta de 14 para participar de um dos encontros e se disse agradecida pelo conhecimento repassado a ela, pois não teve a mesma oportunidade. "Eu não sabia sobre pobreza menstrual, porque não tive isso na minha infância e adolescência. A gente como mãe, como vó, não tinha essa coisa de conversar diretamente como as meninas conversaram com ela. Espero que continue e nunca acabe esse projeto", declara.

De acordo com a estudante de direito Melina Coelho, fundadora e diretora do Deixa Fluir, apesar da isenção do ICMS no Ceará, a alta generalizada de preços ainda dificulta a aquisição dos produtos.

"Ocorre que a gente está vivendo num estado geral de inflação. Com a alta dos combustíveis e uma logística totalmente dependente das rodovias, não conseguiu-se num plano prático realmente observar a redução desses valores. Eu comprava um pacote de 32 absorventes, em junho do ano passado, por entre R$ 8 e R$ 9. Hoje, o mesmo pacote, no mesmo lugar, está custando R$ 13,98", destaca.

Melina inclui na discussão, ainda, a destinação dos itens também para os homens trans, que, segundo ela, sofrem mais uma forma de violência. "É uma população que já é marginalizada por ser trans e ainda tem de passar pela pobreza menstrual sem nenhum acolhimento", frisa.

Na esfera pública, nos últimos anos o debate sobre pobreza menstrual no Ceará teve avanços: em 2021, o Governo do Estado instituiu a Política de Atenção à Higiene Íntima de Estudantes da Rede Pública Estadual de Ensino, que autoriza o Poder Público a adquirir e distribuir absorventes higiênicos nas escolas.

Segundo a Secretaria de Educação (Seduc), a distribuição foi iniciada em dezembro passado e acontece na própria escola, com entrega mensal de dois pacotes com oito unidades cada. Ao longo de um ano, deverão ser entregues 2.550.528 conjuntos deste tipo, num investimento de cerca de R$ 9,5 milhões.

Já em Fortaleza, no fim de maio, em alusão ao Dia Internacional da Dignidade Menstrual, celebrado no dia 28, uma proposta da vereadora Larissa Gaspar (PT) levou o tema à audiência pública na Câmara Municipal. Dentre os encaminhamentos, foi aprovada a criação do programa Menstruação Sem Tabu.

Segundo a parlamentar, o projeto "traz uma série de ações que podem e devem ser implementadas pelo poder público, como o incentivo e fomento à criação de cooperativas, pequenas empresas e formação de microempreendedores individuais que fabriquem absorventes higiênicos de baixo custo e preferencialmente não poluentes".

"É uma questão de saúde pública que precisa ser enfrentada pelos poderes públicos a fim de garantir a dignidade das pessoas que menstruam", finaliza.

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