Nesse contexto de turbulência nos mercados, também a cotação do dólar foi fortemente impactada e avançou 2,35% ontem, chegando a R$ 5,14, o maior patamar desde o último dia 9 de maio, quando chegou a R$ 5,15.
Na semana, encurtada pelo feriado de Corpus Christi na quinta-feira, 16, a moeda norte-americana avançou 3,14%. Essa foi a terceira valorização semanal consecutiva e o oitavo ganho diário em nove pregões. Vale lembrar que o dólar tem oscilado bastante em 2022, após ter sofrido um processo acentuado de elevação nos anos de 2020 e de 2021. Para se ter uma ideia, a maior cotação registrada nesse ano foi de R$ 5,70, no dia 5 de janeiro e a menor foi de R$ 4,59, em 4 de abril, uma variação de 22% entre a mínima e a máxima.
Quanto à alta de ontem, especificamente falando, houve também o impulso da recente elevação dos juros dos Estados Unidos, no ritmo mais intenso desde 1994. Essa decisão do Fed (banco central norte-americano) torna o dólar globalmente mais atraente, enquanto eleva os temores de uma recessão na maior economia do mundo, minando o apetite de investidores por risco. Para o economista Ricardo Coimbra, com isso, se tem "um movimento de saída de capital de países emergentes como o Brasil. Então, no momento em que eu tenho uma saída maior de dólares, isso acaba gerando desequílibrio entre a oferta e a demanda dessa moeda, elevando esse patamar".
Coimbra acrescenta que desde quando o banco central norte-americano começou um processo de elevação da taxa de juros houve uma reversão no processo de queda na cotação do dólar no Brasil, que vinha sendo registrada no início do ano. "Essa reversão aconteceu ali em meados de fevereiro e março, coincidindo também com a guerra entre Rússia e Ucrânia, justamente quando houve a primeira movimentação da alta dos juros nos Estados Unidos. Agora, houve essa elevação mais forte e há uma tendência de novos aumentos", explica.
O economista disse acreditar, contudo, que a cotação do dólar não deve retomar os patamares elevados que registrava em janeiro. "O mercado é muito incerto, mas acho que não chegará a tanto. Esse é o tipo do negócio com muitas variáveis envolvidas. A gente não consegue enxergar no radar um movimento para chegar a tanto. O mais provável é que o dólar feche o ano em torno de R$ 5,20 ou R$ 5,30. Essa é a tendência que o mercado projeta para o futuro", pondera Ricardo Coimbra.