Foi a partir da pobreza e das dificuldades de uma comunidade cearense, o Conjunto Palmeiras, e das consequências que a falta de dinheiro traz, que Joaquim Melo, educador financeiro e líder comunitário, criou o Banco Palmas, a primeira moeda social do Brasil, que serviu de modelo para vários outros projetos que vieram para impulsionar a vida das massas populares nas comunidades espalhadas por todo o País. Hoje, além de migrar para plataforma digital, tem 150 bancos associados em 67 municípios.
"É preciso olhar para a periferia como empreendedor e comprar dela, para o dinheiro não sair e ficar dentro da própria comunidade. Assim, o povo descobre a força que tem", afirmou Joaquim.
Ele foi o entrevistado de ontem do projeto Grandes Nomes, do Grupo de Comunicação O POVO (GCOP). O encontro contou, ainda, com apresentação da jornalista Camilla Lima e participação do articulador do Sebrae em Fortaleza e Região Metropolitana, Pedro Silva.
Ao relembrar o início da trajetória do banco social, em 1998, Joaquim explica que uma inquietação era constante: "Após fazermos muitas reuniões continuávamos perguntando por que somos pobres? Identificamos, que os produtos e serviços vinham de fora da comunidade".
Ele defende que a comunidade tem capacidade produtiva grande e, mais de duas décadas depois da criação da moeda social, os negócios na comunidade só cresceram.
Após a criação do Banco Palmas, o Conjunto Palmeira tornou-se modelo de desenvolvimento territorial via produção e consumo local. A instituição desenvolveu diferentes serviços financeiros solidários para alavancar uma rede de produtores e consumidores no bairro.
Para Joaquim, o Banco Palmas consistiu em um modelo de resistência e de luta contra o sistema financeiro e contou sobre a tentativa do Banco Central em interromper, de forma frustrada, a iniciativa que ajuda milhares de famílias.
Os bancos comunitários funcionam como serviços financeiros solidários, em rede, e são voltados para a geração de trabalho e renda na perspectiva de reorganização das economias locais, tendo por base os princípios da economia solidária. Apoiando pequenos empreendimentos produtivos, de prestação de serviços, de apoio à comercialização e o vasto campo das pequenas economias populares.
O projeto Grandes Nomes é uma série de entrevistas que O POVO realiza há 20 anos, com personalidades relevantes nas mais diversas áreas. O projeto conta com Nazareno Albuquerque na coordenação geral e Valéria Xavier na coordenação executiva..
Agenda
O convidado de hoje do Grandes Nomes é o cantor e compositor Geraldo Azevedo. O programa será transmitido às 11h, nas redes sociais do O POVO, com reprise às 16h na Rádio O POVO/CBN. As entrevistas também estarão disponíveis no site do especial no OPOVO.