O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará cresceu 1,96% no 1º trimestre deste ano em comparação com período equivalente de 2021. A alta ficou acima da média nacional que foi de 1,7% e foi muito puxada pelo crescimento do setor de serviços que avançou 4,45% nos três primeiros meses de 2022.
A agropecuária e a indústria, por sua vez, registraram quedas de 0,95% e 8,64%, respectivamente. Já na comparação com o 4º trimestre do ano passado, o crescimento do PIB cearense entre janeiro e março foi mais modesto, de 0,16%, e teve desempenho abaixo do resultado nacional, que foi de 1%. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
Por outro lado, no acumulado dos últimos 12 meses, novamente o Estado apresenta alta mais expressiva que a registrada pelo País. O PIB dos últimos quatro trimestres é de, respectivamente, 6,16%, e 4,7%. A recuperação do setor de serviços tanto no âmbito local quanto no nacional, fez com que o Ipece revisasse as previsões do PIB final para 2022. O Ceará, segundo o instituto, deve crescer 1,57% e o Brasil deve ter avanço de 1,2%. Na previsão feita em março, esses índices eram de 1,25% e 0,5%, respectivamente.
De acordo com o coordenador do estudo e analista de políticas públicas do Ipece, Nicolino Trompieri Neto, “o setor de serviços vai continuar nessa tendência de reabertura para comportamentos pré-pandêmicos. E junto do movimento de retomada desse segmento, nós temos a recuperação do mercado de trabalho, com os números apontados pelo Caged na última terça-feira, 28, tendendo a se manter nos próximos meses”. Nesse sentido, vale lembrar que o Ceará teve um saldo positivo de quase 7,5 mil vagas em maio, segundo o Ministério da Economia.
Além do setor de serviços, a expectativa por bons resultados no médio prazo para o agronegócio também ajuda a explicar a revisão para cima sobre o crescimento do PIB cearense em 2022. De acordo com a analista para Agropecuária do Ipece, Cristina Lima, a boa quadra chuvosa verificada no primeiro semestre deve ter reflexos não apenas no 2º trimestre, mas também para o trimestre seguinte. “Essas chuvas tendem a se refletir, principalmente, em um desempenho muito positivo na safra de grãos, como arroz, milho e feijão”, explica.
Já para indústria, setor que registrou a queda mais expressiva, o cenário ainda segue indefinido por conta de fatores internos, tais como a inflação e alta da taxa de juros, que encarece o crédito, e externos, que incluem o conflito entre Rússia e Ucrânia e a pressão inflacionária também em outros países como os Estados Unidos.
Segundo Witalo Paiva, analista para Indústria do Ipece, “o setor tem por característica sentir primeiro esses baques econômicos porque as encomendas cessam. O bom desempenho do comércio que se viu agora está muito mais ligado ao uso de estoques antigos do que às novas encomendas feitas à indústria”.