Na contramão da queda no consumo da carne bovina, a carne de porco teve um aumento na procura pelo brasileiro durante a pandemia.
Com preço mais competitivo no mercado interno, o produto teve crescimento de 10,75% no consumo por habitante passando de 15,8 kg por habitante em 2019 para uma estimativa de 17,5 kg por habitante em 2022.
Essa quantidade já equivale a pouco mais de 70% do consumo anual de carne bovina. Por sua vez, as carnes de aves tiveram aumento de consumo na ordem de 4,7% e representam quase o dobro do consumo da carne bovina, chegando a 48,6 kg por habitante.
Segundo observa o presidente do Sindicarnes, Everton da Silva, "a carne suína está com um preço mais acessível que qualquer outra, seja na comparação com a bovina, com o peixe ou a ave. Então, houve uma migração de consumo. No mundo, ela já era a carne mais consumida antes da pandemia, mas no Brasil as pessoas tinham aquele conceito de que só comprariam suínos em festividades. E, através, da necessidade de comprar um alimento mais barato e de qualidade ele tem sentido como é um produto saboroso".
Para o supervisor técnico do Dieese, Reginaldo Aguiar, o grande crescimento no consumo de carne de porco decorre da perda de poder aquisitivo da população. "Em um primeiro momento, o brasileiro substituiu as carnes bovinas de primeira por cortes de segunda ou de terceira. Depois, passou a migrar para o frango, para o peixe e para o porco. O que vemos é que a coisa piorou e se passou a consumir subprodutos, tais como pés e até pele de frango e até o ovo subiu de preço", pondera.