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Mirando exportação, certificação para hidrogênio verde no Brasil será lançada ainda em 2022
Economia

Mirando exportação, certificação para hidrogênio verde no Brasil será lançada ainda em 2022

| EXCLUSIVO | A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica espera aprovar uma comercial do certificado até fim de 2023
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PARA Ricardo Gedra, gerente CCEE, certificado vai agregar valor ao produto (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação PARA Ricardo Gedra, gerente CCEE, certificado vai agregar valor ao produto

A corrida para mudança da matriz energética no mundo, pautada pelo hidrogênio verde (H2V), vive um capítulo em paralelo à construção das usinas e plantas de exploração do novo combustível: a definição de uma certificação de sustentabilidade. 

No Brasil, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) espera aprovar uma versão piloto do certificado até o fim deste ano. 

O modelo a ser adotado no País está alinhado com definições internacionais, sendo relacionado a debates sobre o tema na União Europeia, especialmente na Alemanha.

As informações foram antecipadas com exclusividade ao O POVO pelo gerente de análise e informações ao mercado da CCEE, Ricardo Gedra.

“A expectativa é de que a Alemanha divulgue entre fim de agosto e começo de setembro um conjunto de diretrizes piloto para a certificação de sustentabilidade da primeira grande compra de hidrogênio verde, o que servirá de modelo para o mundo”, detalha.

A projeção da Câmara, caso ocorra o desenvolvimento do modelo de certificação europeu ainda este ano, é de consolidar, até o fim de 2023, um certificado para projetos de médio e pequeno porte comercial no Brasil.

“Está em andamento desde maio um grupo de trabalho nacional que tem representantes de toda cadeia produtiva, inclusive do Ceará, debatendo sobre como poderia funcionar essa certificação e iremos propor em breve, em um encontro em Paris, a criação de um grupo internacional para alinhar essa questão”, explica Ricardo.

Como vai funcionar a certificação?

O foco da certificação é dar garantia para os compradores do Hidrogênio Verde que o mesmo foi produzido essencialmente com energias limpas certificadas e regularizadas.

O documento atuará como um selo de validade da sustentabilidade da nova energia, garantindo assim o processo de descarbonização buscado pelas cadeias produtivas ao redor do mundo.

A certificação não será obrigatória, mas Ricardo destaca uma grande demanda pelo valor agregado que o documento irá gerar, reduzindo barreiras para exportação, em especial para Europa.

O processo consiste em certificar o hidrogênio verde como insumo de primeiro nível e permitir aos futuros importadores o rastreio de toda energia utilizada na produção do combustível.

O processo, conforme detalha Ricardo, deverá ser “robusto e seguro”, a projeção é de que o certificado seja registrado em uma rede blockchain de informações para permitir o rastreio da origem do produto comercializado. Ricardo projeta ainda uma demanda nacional para o certificado.

“Não estamos vislumbrando a obrigatoriedade, mas as próprias empresas que irão produzir já sinalizaram ter grande interesse nessa certificação, pelo valor agregado que ela gera, por ser uma garantia de acesso ao mercado internacional e mesmo de garantia de metas de sustentabilidade exigidas por parceiros comerciais”, pontua.

Tecnologia para rastreabilidade de toda cadeia produtiva

Para operacionalizar esse processo, a CCEE não descarta parceria com empresas especializadas em certificação digital ou de base tecnológica, porém, o porta-voz da Câmara reitera que a organização funciona como um operador do mercado de compra e venda de energia elétrica no Brasil e que possui equipe técnica “capaz e habituada” com esse tipo de operação.

O custo da produção do certificado será repassado para as empresas, além disso, o mesmo terá uma validade e será direcionado para cargas únicas de H2V.

“O certificado não irá abranger produtos secundários feitos a partir do hidrogênio, e garante que aquele lote em específico foi feito de forma inteiramente sustentável, o processo é semelhante com o que já ocorre com certificados de descarbonização na comercialização de energia solar e eólica", afirma.

Ceará desponta como potencial mercado de hidrogênio verde

Dentro desse contexto, o Ceará, com o projeto do hub de H2V, a ser consolidado no Complexo do Pecém, estará na vanguarda da virada na matriz energética do mundo, conforme avalia Ricardo.

Além do potencial para produção de energia solar e eólica, bases da produção do hidrogênio verde, o Estado apresenta portos com conexões diretas e rápidas para Europa e, até então, a única zona de processamento em operação no Brasil.

“O Ceará tem uma vocação natural para energia limpa, até 2026 o Ceará deverá ter 11 novas usinas eólicas em operação, com investimento em mais de R$ 1,9 bilhão”, destaca Ricardo ao exemplificar o potencial do Estado em receber ainda mais projetos e investimentos relacionados ao H2V.

“Para os próximos anos haverá um grande desenvolvimento da indústria nacional puxando produtos e subprodutos relacionados ao hidrogênio verde certificado de forma sustentável ou o utilizando como fonte de energia e isso por si só reforça a escalada de desenvolvimento dos investimentos no setor”, complementa Ricardo.

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