O comércio varejista cearense fechou o primeiro semestre de 2022 com alta de 6,6% ante igual período do ano passado. O resultado veio bem acima da média nacional que cresceu 1,4% nesta base de comparação.
Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o volume de vendas do segmento de tecidos, vestuário e calçados foi o que mais cresceu no Estado (38,4%).
Na passagem de junho para julho, porém, o volume de vendas do comércio ficou quase estável, num recuo de 0,1%, após a queda de 1,6% do mês anterior. Ainda assim, as perdas são menores que a média brasileira (-1,4%).
No acumulado do ano, o varejo cearense positivou em oito das 11 atividades monitoradas pelo IBGE, ante igual período de 2021. Além de tecidos, vestuário e calçados, o destaque de vendas vem também do segmento de livros, revistas e papelaria (26,3%) e combustíveis e lubrificantes (7%).
Por outro lado, os dois únicos segmentos a fecharem o semestre em queda foram: móveis (-4,1) e hipermercados e supermercados (-1,1).
Na avaliação do economista Alex Araújo, o descolamento dos resultados do Ceará em relação ao contexto nacional se deve em parte ao próprio perfil de consumo dos cearenses, que em razão da renda menor não consegue fazer reserva e revertem boa parte do que ganham em consumo.
Ele reforça ainda que apesar da inflação alta ter pressionado o consumo no primeiro semestre, a melhora na geração do emprego e a flexibilização das regras sanitárias em relação ao cenário que se tinha em 2021 no Estado, também ajudam a explicar o resultado.
Para esse segundo semestre, a expectativa é de melhora no volume de vendas. "A renda do cearense é pequena, mas muito voltada ao consumo, principalmente, de itens essenciais. Com o aumento do pagamento do Auxílio Brasil para R$ 600, antecipação de 13º salário, e se houver continuidade na retomada do emprego há uma expectativa grande de que essa recuperação transborde com mais força para outros segmentos do varejo" (Colaborou Beatriz Cavalcante)
Crédito mais caro e inflação prejudicaram desempenho
No Brasil, após uma sequência de quatro meses seguidos de avanços, o varejo encerrou o primeiro semestre com perda de fôlego disseminada, em meio a um cenário de inflação pressionada e crédito mais caro, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Comércio.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o volume vendido cresceu na média global do varejo em janeiro (2,3%), fevereiro (1,3%), março (1,2%) e abril (0,6%). Após uma revisão nos dados, foram registradas quedas em maio (-0,4%) e em junho (-1,4%).
Enquanto o bom desempenho dos primeiros meses do ano era considerado heterogêneo, sustentado por algumas atividades, a queda no volume vendido em junho ante maio foi generalizada, confirmou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.
Sete das oito grandes atividades que integram o setor varejista brasileiro registraram perdas no mês. No comércio varejista ampliado, houve redução de 2,3% em junho. "A inflação estava bastante pronunciada para algumas atividades, como combustíveis e lubrificantes, supermercados", mencionou. (AE)
Ampliado
No Ceará, o varejo ampliado, que inclui também a venda de veículos e a de materiais de construção, encerrou o mês de junho com retração de 5,2%, mas uma alta de 6,1% no acumulado do ano