O mercado cearense é abastecido principalmente da produção leiteira que vem do Sul e no Sudeste do País. Mas, no Estado, há ainda um agravante que o beneficiamento da produção local está concentrada em apenas uma empresa, alerta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceara (Faec), Amílcar Silveira. Ele avalia que isso não é bom e acredita que é preciso que outras empresas beneficiem leite no Estado.
Ele explica, que para reverter esse quadro, a entidade, recentemente, esteve atrás de novas indústrias para investir no Ceará. A meta é dobrar a produção de pecuária nos próximos dez anos.
"O Ceará é importador de leite e derivados e 48% que nós usamos aqui é proveniente de outros estados. Quanto mais a gente produz aqui é mais emprego e geração de renda dentro do Ceará", vislumbra.
Atualmente, existem três nichos no mercado de derivados de leite: o do leite em pó, o do leite UHT, e outros produtos como queijos e iogurtes.
No caso do leite, boa parte vem da produção do Sul e do Sudeste, principalmente, de Minas Gerais. Mas em relação ao queijo, há grande participação de fornecedores paraenses. "De lá entra muito queijo aqui e, as vezes até de forma clandestina", sinaliza o presidente da Faec.
Outro entrave na questão do preço do leite praticado nos últimos anos, Silveira explica que aconteceu durante a pandemia e, depois dela, pelo aumento do custo de commodities, especialmente milho e soja.
O saco de milho era R$ 37 e passou para R$86, média atual. Isso onerou o produtor rural. Ele vendia o litro a R$1,30/1,40 e hoje, em média, está R$2,70 chegando até R$ 3,05.
"Na gôndola do supermercado que o litro era quase R$ 5, já está R$8. Nós achamos que é muito caro e o que está acontecendo é que os consumidores não estão conseguindo pagar e o supermercados já estão pressionando a indústria para diminuir um pouco o valor", observa.
Para o titular da Faec, o equilíbrio seria o litro para o consumidor ser a cerca de R$ 6, para equilibrar os custos de produção. No Ceará, o atravessador prejudica demais o produtor rural, pois ele onera a cadeia produtiva. "Isso é muito ruim", avalia.
Ele diz também que a Faec está incentivando novas e pequenas indústrias a se regularizar. "O Ceará tem mais ou menos 2.500 laticínios e a grande maioria não chega a colocar produtos aqui na grande Fortaleza" (Colaborou Beatriz Cavalcante)