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Preço do etanol cai 13,1%, mas segue menos competitivo que o da gasolina
Economia

Preço do etanol cai 13,1%, mas segue menos competitivo que o da gasolina

|EM UM MÊS| Com a redução de 2,52% na última semana, o litro do combustível no Ceará chegou a R$ 5,02, em média. Para ser vantajoso economicamente, valor precisaria ser de R$ 3,83
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PREÇO do etanol representa 91,7% do valor da gasolina (Foto: Samuel Setubal/ Especial para Jornal O Povo)
Foto: Samuel Setubal/ Especial para Jornal O Povo PREÇO do etanol representa 91,7% do valor da gasolina

O preço médio do etanol no Ceará caiu mais de 13,1% na comparação com o mês passado, conforme aponta levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na comparação entre as duas últimas semanas, a queda também foi significativa, de 2,52%, ou R$ 0,13.

Com isso, o litro do combustível passou a custar em média R$ 5,02, o que representa 91,7% do preço médio da gasolina comum, que é de R$ 5,47. Para ser competitivo essa proporção teria de ficar abaixo de 70%, ou seja, o preço médio do etanol precisaria ser de R$ 3,83. Isso acontece porque esse biocombustível tem menor poder calorífico em relação à gasolina.

Contudo, apenas em três estados do País esse valor foi verificado pela ANP: Goiás (R$ 3,80), São Paulo (R$ 3,78) e Mato Grosso. Além disso, apenas nesse último quem conduz carro flex leva vantagem na hora de abastecer com o etanol. É que nos postos mato-grossenses, o preço médio do etanol equivale a 67% do preço médio da gasolina. O maior preço médio do etanol no País é encontrado em Roraima, R$ 5,54, enquanto o da gasolina é de R$ 5,85 e, com isso, o custo do etanol naquele estado equivale a 94,7% do custo da gasolina.

No caso do Ceará, penas na comparação entre o menor preço mínimo do etanol (R$ 4,57 em Fortaleza) com o maior preço máximo da gasolina comum (R$ 6,40 em Itapipoca), o etanol se aproximaria do percentual ideal e ficaria em 71,4%. A distância entre as duas cidades é de 130 km, porém. A propósito, em 9 dos 12 municípios cearenses pesquisados pela ANP, o preço médio do etanol é superior a R$ 5,00.

Apenas em Maracanaú, Caucaia e Fortaleza, o valor médio do combustível é inferior a R$ 5,00, sendo de , respectivamente R$ 4,92; R$ 4,95; R$ 4,97. Em Fortaleza, o preço médio da gasolina comum é R$ 5,41. Ainda assim, na Capital o valor médio do etanol representa 91,86% do da gasolina, sendo até menos competitivo na comparação com a média estadual.

Mesmo com a redução expressiva no preço médio do etanol no Ceará, na comparação com o mês de julho, a proporção do valor do combustível, em relação à gasolina, aumentou mais de um ponto percentual. No mês passado ela era de 90,45%. Isso aconteceu porque o preço médio da gasolina teve redução ainda maior no período, de 14,39%, um recuo de R$ 0,92.

Vale lembrar que, no dia 12 de julho, o governo do Estado sancionou lei estabelecendo teto de 20% na alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina, sendo 18% referentes à lei federal aprovada em junho, e 2% ao Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop). Isso contribuiu para a redução dos preços desse produto na bomba. Para o etanol, o Governo enviou um projeto de lei reduzindo a alíquota de 18% para 15%, mas ainda está sob análise do Legislativo.

O etanol começou a ser produzido em larga escala no País, em 1976, como alternativa mais competitiva à gasolina. Contudo, desde 2010, a tendência se inverteu e a gasolina passou a ter preços mais competitivos, no Ceará e em outros estados, com a exceção de períodos pontuais, tais como durante o auge da pandemia.

O fenômeno coincide com a ascensão dos carros bicombustíveis, que passaram a ser maioria em 2013. Para o consultor em petróleo e gás, Bruno Iughetti, além do impacto da chegada desses veículos, o encarecimento no custo de produção da cana, matéria-prima do etanol, também explica a perda de competitividade do produto nos últimos anos.

Ele acredita, todavia, que a melhoria no processo de produção do biocombustível pela indústria sucroalcooleira e a crescente preocupação ambiental podem reverter essa tendência no médio prazo. “O etanol fugiu da reta lógica de preços nos últimos anos, mas deve voltar a ser competitivo”, projeta.

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